O Ministério da Saúde informou que vem analisando a possibilidade de dispensar a dose de reforço da vacina contra a febre amarela, mas que ainda não reuniu dados suficientes para tomar a decisão.
"Estamos avaliando essa hipótese há algum tempo, de que que a vacina contra a febre amarela talvez não demande o reforço em dez anos, tenha proteção mais prolongada. Há duas semanas, durante reunião do comitê técnico da área, foi apresentado um relatório parcial do acompanhamento que fazemos no Brasil. Mas ainda não havia evidências para recomendar a não utilização da segunda dose", explicou Jarbas Barbosa, secretário de vigilância em saúde do ministério.
Hoje, a OMS (Organização Mundial da Saúde) divulgou uma nova orientação, dispensando o reforço após dez anos da vacinação.
"Desde que a vacinação contra a febre amarela começou, na década de 30 do século passado, foram identificados apenas 12 casos da doença após a vacinação, enquanto 600 milhões de doses da vacina foram aplicadas. A evidência mostrou que, entre esses poucos casos de "falhas da vacina", todos ocorreram em até cinco anos da vacinação. Isso demonstra que a imunidade não diminui com o tempo", diz nota publicada no site da OMS.
Essa orientação não terá impacto imediato no Brasil, afirma Barbosa. O secretário vai discutir o tema na próxima semana, em Genebra, durante evento que vai reunir ministros da saúde e secretários na OMS.
"Vamos pedir as evidências em que eles se basearam, porque a gente vem acompanhando e não estamos ainda com a segurança de tomar a resolução de tirar a segunda dose", explicou.
Racionamento de doses
Um fator que pode diferenciar o Brasil de outros países é a quantidade de vacina disponível.
"Ao mesmo tempo que dizem que têm evidência para a orientação, a gente sabe que existe a dificuldade de se conseguir a vacina no mundo. São apenas dois laboratórios fabricantes, um deles é público brasileiro", diz o secretário.
"Em saúde pública, às vezes é melhor ter cem pessoas com uma dose do que ter 50 com duas (...) Para a gente, isso não é um problema. Mas, se puder livrar [a pessoa da segunda dose], ótimo."
A febre amarela deve ser alvo de campanha para informar turistas que vierem ao país para os eventos esportivos. Cartazes e panfletos deverão ser distribuídos em aeroportos e hotéis com o objetivo de esclarecer a necessidade da vacina para a ida a determinadas regiões do país.
Este ano, até o momento, há apenas um caso confirmado de febre amarela no Brasil, além de um segundo caso em investigação.