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A plenitude do ser A plenitude do ser 27 FEV 2010 • POR • 04h57

O ser humano, mais do que nunca, está sentindo em seu íntimo certo vazio, alguma inquietude, ou até algum medo. Falta-lhe a serenidade e a segurança naquilo que assumiu como tarefa, como profissão, ou como ideal em sua vida. Faltam-lhe momentos de reflexão e de oração para ver em profundidade algo que possa lhe assegurar clareza e firmeza em suas convicções. Esse período quaresmal é muito propício para se fazer exercícios no campo da espiritualidade dedicando tempo e espaço para uma reflexão mais profunda e mais convincente. Não pode apenas usar o tempo que lhe é disponível em obras e tarefas materiais. É importante o trabalho. É importante a luta por melhores salários e por empregos mais rendosos. Mas não pode ficar só nisso. Há uma necessidade mais séria e mais profunda em cultivar os valores sobrenaturais e as atitudes do espírito. Uns pensam em deixar isso para mais tarde, ou para quando não tiverem tantos compromissos ou tantas atividades. Talvez esse tempo não chegue a acontecer. Talvez essas oportunidades morram pelo caminho. É bem melhor organizar o tempo e as oportunidades enquanto tiver consciência desses valores e dessas grandezas. Não há como refazer. Não há como recomeçar. Não há como voltar atrás. Às vezes pode acontecer certo arrependimento por não ter aproveitado melhor. Isso pouco ou nada resolve. Pois, cada dia é um novo dia, cada momento é um novo momento. Não se percorre duas vezes o mesmo caminho. O caminho pode ser o mesmo fisicamente. Mas espiritualmente cada passo é um novo passo. Cada olhar é um novo olhar. Cada sentimento é um novo sentimento. Cada gesto é um novo gesto. Cada maneira de interpretar é uma nova maneira. O ser, o pensar e o agir, tudo é sempre novo. Não se vive sempre da mesma forma, da mesma maneira. São novos sentimentos, novas maneiras de ver, de julgar e de agir. Não há como ser repetitivo. Tudo é novo. Tudo é diferente. O tempo não se repete. Os gestos não são mecânicos. As expressões não são estáticas. Os pensamentos não são fixos. Tudo se renova. Tudo é maleável. Tudo muda diante da realidade. Triste e deprimente seria a monotonia. Mas um coração que ama renova tudo o que houver ao seu redor. Um coração que crê transforma e dá novo sentido a todos os projetos e a todos os sonhos. Um coração que confia descobre maneiras sempre novas e convincentes de conviver e de partilhar. Principalmente desenvolve motivos e razões cada dia mais nobres de se relacionar com Deus. Terá a alegria em abrir espaço para o olhar de Deus. Um Deus sempre disponível no silêncio e no aconchego da consciência. Não perturba. Não inquieta. Aguarda pacientemente a oportunidade que possa lhe ser dada para um encontro íntimo e prazeroso. Não é de muitas palavras. Apenas um olhar que leve a contemplar. Apenas um silêncio que permita ouvir. Apenas uma atitude que signifique partilha e comunhão. Deus é assim: incansável em seu amor, gratuito em suas bênçãos e generoso em suas graças. Por isso, os momentos de oração e de reflexão são sagrados. São eles que garantem a serenidade e fortalecem o entusiasmo, sustentam a fé e solidificam o amor.