Um policial militar disse em depoimento que o sargento da Rota Luís Marcelo Pesseghini, de 40 anos, ensinava o filho Marcelo Pesseghini, de 13 anos, a atirar. O delegado Itagiba Franco, responsável por investigar o caso, divulgou este fato nesta quinta-feira (8). Marcelo é suspeito de assassinar o pai, a mãe, a avó e a tia-avó e depois se suicidar na Zona Norte de São Paulo.
Todas as vítimas morreram por conta de tiros na cabeça disparados por uma pistola .40, que pertencia a Andreia Regina Bovo Pesseghini, mãe de Marcelo, também policial militar. Para o delegado Itagiba, Marcelo tinha condições de manipular a arma e não era uma criança franzina - ele tinha 1,60m. "Estou plenamente ciente do que estou fazendo", disse ao G1.
O policial ouvido contou que presenciou uma das "aulas de tiro" que o pai deu ao filho, em um estandena Zona Sul de São Paulo. O PM, que morava na mesma rua da família morta, disse ainda que os pais também ensinaram o filho a dirigir e que Marcelo tirava o carro da família da garagem todos os dias. O veículo da mãe do garoto foi encontrado na rua da escola de Marcelo - a polícia acredita que ele dirigiu até lá de madrugada e só saiu do carro pela manhã, quando uma câmera de segurança o flagrou indo para o colégio. A polícia acredita que Marcelo matou os familiares, foi à aula e se matou ao retornar para casa.
A polícia confirmou que Marcelo não usava o uniforme da escola ao ser achado morto. Ele usava uma calça listrada e camiseta branca. Marcelo voltou para casa de carona com o pai de um colega e no caminho, ao ver o carro da mãe, pediu para parar e pegar um objeto dentro. O pai do colega disse que estranhou a ação, mas Marcelo disse que a mãe devia "estar trabalhando por ali".
Esse mesmo colega que deu carona a Marcelo disse à polícia que na segunda o garoto afirmou que não voltaria mais às aulas. "Hoje é meu último dia na escola, amanhã não venho mais", teria dito o jovem. O colega disse que não ligou para isso porque Marcelo falava assim muitas vezes.
Até agora, mais de 10 testemunhas foram ouvidas pela polícia. O delegado rebateu as críticas que tem recebido. "Não estamos escondendo nada, estamos trabalhando de forma tranquila, de forma honesta", garantiu.
Motivo
O que teria motivado Marcelo a cometer tal crime ainda não é claro para a polícia. Itagiba acredita que TV e jogos violentos podem influenciar jovens da idade do garoto. Para ele, deveria haver um "acesso restrito a determinados conteúdos" em relação a crianças.
O delegado-geral da Polícia Civil, Luiz Mauricio Blazeck, afirmou que a motivação é um dos pontos das investigações. Familiares de Marcelo e mais colegas devem ser ouvidos.
Para Blazeck, "não é uma questão fechada" a possível participação de outra pessoa no crime. "Dependemos dos laudos para confirmar isso. Por enquanto, continua a versão inicial", diz.