O Vaticano suspendeu um bispo alemão pelos gastos considerados excessivos e mandou uma mensagem a todo o clero: não irá tolerar ostentação. Nesta quarta-feira, 23, o papa Francisco anunciou que o bispo de Limburg, Franz-Peter Tebartz-van Elst, deveria ser mantido fora de atividade, depois que gastou € 31 milhões (R$ 93 milhões) para renovar sua residência oficial.
Francisco, desde o primeiro dia de mandato, havia deixado claro que queria uma “Igreja pobre para os pobres” e que a função dos religiosos era servir. O bispo Franz-Peter, chamado de “bispo do luxo”, transformou-se num primeiro teste para o papa, que, há três dias, havia pedido uma reunião com ele e acabou o afastando.
O caso ainda revela que o Francisco está disposto a punir esse tipo de comportamento, enquanto dá demonstrações de que não perseguirá bispos por declarações sobre a doutrina. Nesta quarta-feira, numa nota, o Vaticano indicou que seria “apropriado um período de ausência da diocese” para o bispo Franz-Peter. “Uma situação foi criada na qual o bispo não pode mais exercer suas funções episcopais.”
Num país onde parte dos impostos dos cidadãos vai para a Igreja, o bispo ganhou notoriedade pelos gastos. Fiéis e organizações não governamentais (ONGs) pediram a demissão dele depois das revelações de que apenas o banheiro de sua casa teria custado € 15 mil, além de uma mesa para reuniões avaliada em € 25 mil. Uma capela privada também foi erguida, no valor de € 2,9 milhões, além de uma sala de jantar de 65 metros quadrados.
Numa missão para visitar pobres na Índia, o bispo viajou em primeira classe. Mas foi o fato de ele ter mentido sob juramento numa corte em Hamburgo sobre os gastos que convenceu o papa a afastá-lo.
Originalmente, a residência deveria ter custado € 5,5 milhões. Mas o valor final foi seis vezes maior. Só o jardim saiu por € 783 mil. Ao ser convocado para dar explicações ao papa, no início da semana, o bispo optou por viajar com uma companhia de baixo custo. Mas a medida não convenceu. O bispo ainda explicou que a obra era complexa, por ser um edifício antigo.