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De cartas marcadas De cartas marcadas 2 MAR 2010 • POR • 06h02

Assim foi o espetáculo encenado pelo hoje afortunado Partido dos Trabalhadores, em Brasília, para homologar, pelo chamado Congresso Nacional IV, teses de conteúdo da era da pedra lascada, agora revigoradas pelo sentimento saudosista – e mais de que isto, stalinista – que emergiram dos sarcófagos partidários na ânsia do vermelho revolucionário dos anos oitenta do século passado. Foi um espetáculo que recorda todas as características singulares dos seculares tempos do autoritarismo da antiga Roma, quando seus imperadores pensavam que agradar o povo era propiciar-lhes “panis et circencis”... Realmente – pelo que se leu e viu pela mídia – foi uma festa de arromba, onde mais de seis milhões de reais foram gastos, cuja origem que deveria ser transparente ( o PT deve isto à Nação ), vez que o Partido tem um débito acumulado em sua tesouraria de mais de trinta milhões de reais, confessados, inclusive, pelo então tesoureiro nacional. Repito, o PT deve esta explicação, sobretudo porque prega, até hoje, nada obstante seus repetidos “mensalões”, que seus recursos têm origem definida e legal. Porém, jamais a identificou em público. Além do desperdício financeiro, face a um resultado político e eleitoral temerário, o PT, pela sua cúpula dirigente, está colhendo o que plantou no intitulado congresso partidário: suas teses, de um acalentado coração, ressurgiram das cinzas por ação da militância disciplinada para significar que o Partido é o mesmo de quando abraçou o socialismo de Estado. O PT julga, a mercê do prestígio popular de seu líder maior e único, Lula da Silva, ter alcançado o ápice das oportunidades de, num possível novo governo, dar a almejada guinada para a esquerda no Brasil. Tudo isto, porque encontrou a pessoa com o corpo e a alma que cabem na sua moldura revolucionária: a senhora Dilma Rousseff. A senhora, pré-candidata do PT, tem em sua origem autenticidade, um dos pontos característicos de sua personalidade forte e determinada, que a tem levado, com as dissimulações de percurso, aos objetivos finais de seu radical pensamento político. O nosso bom homem do campo, caipira, sertanejo ou guasca, seja ele de qualquer região do nosso torrão pátrio, com aquela sensibilidade que o homem do serrado, da caatinga ou do pampa tem, afirma: “Árvore que nasce torta, jamais endireita...é da sua sina!”. É o que se poderia dizer da atual chefe da Casa Civil do governo Lula da Silva. Como muitos, posso estar enganado, mas a senhora Dilma Rousseff é o que é e o que foi desde sua iniciação nas lutas revolucionárias, cunhadas pelo cancro terrorista. Se alcançar a Presidência da República, não ouvirá as aspirações nacionais, nem atenderá ao chamado conciliador, contemporizador, o senso “algodão entre cristais” de, seu hoje precursor, Luiz Inácio Lula da Silva. Aliás, noutro dia, os jornais publicaram a declaração de uma cidadã carioca, de idade avançada, dispensada de votar, que irá às urnas nas próximas eleições na cívica tentativa de evitar que o país caia nas mãos de uma “madrasta”. Mais recente. O competente, arguto, indisciplinado e, muitas vezes, debochado cronista Arnaldo Jabor, em sua coluna semanal no jornal Estado de São Paulo, com a autoridade de quem foi “comunista de carteirinha” (declaração dele), referindo-se ao programa do PT, aprovado em recente congresso, afirmou que “ele (programa) não é apenas assustador como futuro para um Brasil moderno; é prova de que a cabeça de comuna não muda”. Nada que se passou nos últimos vinte anos foi assimilado por essa gente, os petistas encarquilhados. O PT jurássico, que ressurgiu de seu último encontro nacional, abre alas para que sua candidata à presidência da República, de idêntica ideologia, tente levar o Brasil a retroagir no tempo. Pensa, como o seu nostálgico e inefável Marco Aurélio Garcia, o toc-toc, odorizar o esterco ideológico de seu já putrefato stalinismo. É tempo de alerta!