Sem receber da prefeitura há quatro meses, a Associação Cristã de Pais e Filhos (ACPF), que mantém o Projeto Marcenaria com detentos em Campo Grande, vem sofrendo ameaça de fornecedores e teme uma rebelião dos presos, que estão com os salários atrasados, de acordo com matéria publicada hoje (27), no jornal Correio do Estado. De acordo com o administrador voluntário da entidade, José Paulo, pelo convênio de R$ 1,2 milhão, firmado em maio, a prefeitura deveria repassar R$ 100 mil mensais. Em contrapartida, a entidade fica responsável pela reforma dos conjuntos escolares da rede municipal de ensino, durante doze meses.
Porém, apenas a primeira parcela do convênio, referente a maio, foi depositada pelo município na conta da entidade. Isso aconteceu em julho. A dívida chega a R$ 400 mil, e compromete o orçamento de todo o trabalho social. Segundo José Paulo, desde a assinatura do convênio, mesmo com a falta do repasse, aproximadamente, quatro mil itens já foram reformados pelos 155 presos que participam do projeto. O material foi entregue à Secretaria Municipal de Educação (Semed).
Porém, para o andamento das reformas a Associação Cristã contraiu dívidas com fornecedores, com a perspectiva de que o compromisso da prefeitura fosse honrado. Como isso não aconteceu a situação ficou preocupante. Alguns detentos chegaram a comentar que estão há quatro meses trabalhando sem receber e que “a oportunidade de voltar ao crime é muito grande”. Diante da pressão sofrida nos últimos meses, a presidente da entidade recorreu ao Ministério Público Estadual. No ofício datado em 9 de dezembro, ela expõe o problema e desabafa que os detentos vêm fazendo duras cobranças para receber. A reportagem é de Rafael Bueno.