Quatro dias após a morte do estudante de cinema João Pedro Cruz, 23, em uma blitz no Rio, a perícia concluiu hoje que não houve troca de tiros no momento do crime e apenas os PMs efetuaram disparos contra o carro da vítima.
Na ocasião, Cruz seguia no banco traseiro de um Kia Cerato com outros três jovens e foi atingido por um tiro.
Ao ser abordado numa blitz, o amigo de Cruz, Pedro Igor Silva das Neves, 22, não parou o carro e fugiu. A polícia iniciou uma perseguição e, segundo a perícia, efetuou pelo menos 14 disparos contra o veículo dos jovens. Cinco deles acertaram o Cerato.
João Pedro Cruz foi baleado e não resistiu ao ferimento. Os outros não foram atingidos.
De acordo com o delegado José Pedro Costa da Silva, da 21º DP (Bonsucesso), foram encontradas drogas - maconha e cocaína - no carro dos jovens. A quantidade não foi divulgada.
"O que posso afirmar é que os impactos que verificamos na viatura não foram produzidos pelos garotos. Foram os próprios PMs que produziram quando atiraram de dentro para fora do carro da polícia. O resultado final da perícia aponta que não houve troca de tiros", disse o delegado.
Silva afirmou que, apesar da conclusão da perícia, ainda não descarta a possibilidade do grupo ter se desfeito de uma suposta arma durante a perseguição. Os quatro PMs que participavam da operação alegaram que ouviram tiros do Cerato.
O trio não prestou depoimento na delegacia e disse que só fala em juízo. Mesmo assim, a Polícia Civil voltou a convocar os três à delegacia na próxima semana.
"Eles não disseram porque furaram a blitz. Talvez por causa da droga, mas a suspeita é que eles sejam apenas usuários", disse o delegado.