Os índios da etnia ianomâmi que invadiram nesta semana a Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena) em Boa Vista (RR) exigindo a saída da coordenadora do órgão reclamam de falta de medicamentos e materiais básicos no distrito de saúde indígena que atende o grupo.
Segundo Junior Yanomami, que apresentou-se como um dos líderes do grupo, a morte de duas crianças na última sexta-feira foi um dos motivos para que cerca de 30 índios invadissem o local. Outro fator, afirmou ele, foi um protesto realizado por outros índios -incluindo ianomâmis- pedindo a permanência da coordenadora.
"Há dois anos a gente vem reclamando, e o governo vem prometendo que vai resolver. Os ianomâmis perderam a paciência, crianças estão morrendo de diarreia e verminose por falta de medicamentos básicos", disse, por telefone. Os indígenas ocupam o órgão, ligado ao Ministério da Saúde, desde a última segunda-feira.
Há mais de 50 índios no local à espera de um representante do Ministério da Saúde para uma reunião. Apenas os serviços essenciais da secretaria estão mantidos. Segundo Junior, os funcionários estão impedidos de entrar no prédio, mas os que estão dentro estão liberados para sair.
Durante a invasão ao local, filmada pelos próprios índios, a coordenadora da Sesai, Joana Claudete Schuertz, foi obrigada a assinar uma carta onde manifestava a intenção de deixar o cargo, enviada ao ministério. A funcionária também foi pintada, segundo os indígenas, de maneira a caracterizá-la como pessoa rejeitada pela etnia. Os índios portavam arcos, flechas e lanças de madeira.
O vídeo foi registrado pela Frente de Proteção Etnoambiental Yanomami Ye'kuana, ligada à Funai (Fundação Nacional do Índio). O coordenador da frente, João Catalano, foi indicado pelos indígenas para assumir o posto na Sesai.
Procurada, a coordenadora da Sesai não havia sido localizada até o começo da tarde. Uma funcionária ocupa interinamente a função.