Leandro Damião chegou para ser o artilheiro do Santos e trazer muita alegria para a torcida. No entanto, o custo para contar com o camisa 9 preocupa e confunde.
Sem dinheiro em caixa para uma aquisição tão alta, o Santos fez uma parceria com o fundo de investimento maltês Doyen Sports para ter o jogador. Damião, então, foi comprado junto ao Internacional por R$ 42 milhões e repassado ao Santos. E, segundo o presidente Odílio Rodrigues, o clube terá cinco anos, correspondente ao tempo de contrato do centroavante com o Peixe, para devolver este valor corrigido ao grupo de investimento.
"Os direitos federativos são do Santos. O Doyen não tem participação e temos que um dia devolver esse dinheiro. O contrato é de cinco anos. Se vendermos o jogador ou se quisermos permanecer com ele no final, pagamos integralmente e com o valor corrigido. Se vendermos por um valor superior dentro do período, o Santos tem a participação na mais-valia", afirmou Odílio Rodrigues.
Para obter lucro mínimo, então, o Santos terá que conseguir vender Damião por mais de R$ 42 milhões, o que é considerado pouco provável. E o mais preocupante é que este valor corrigido deve chegar, no mínimo, a aproximadamente R$ 62 milhões em cinco anos.
"Na Europa esse fundo é importante na transação dos jogadores por conta do Fair Play financeiro, que chegará ao Brasil. Querem que os clubes comprem entre clubes e que os atletas não pertençam a terceiros. O Doyen não pode comprar e ter participação de jogador. Definimos quem queremos, o Santos negocia com o clube o valor do jogador, faz o contrato com a Doyen, que dá esse dinheiro ao Santos", completou o presidente alvinegro.
O fundo de investimento também se manifestou nesta quarta-feira (8) através de uma nota oficial e confirmou que terá o dinheiro devolvido com correção, mas que todos os direitos federativos do jogador pertencem ao Santos.
"Agora que o processo está concluído entre a Doyen e o Santos, a Doyen Sports pode confirmar o seu envolvimento na maior transferência, até esta data, entre clubes brasileiros. Ao contrário de alguns relatos, a Doyen não tem especificamente nenhuma porcentagem (third party ownership) de Leandro Damião ou de qualquer outro jogador de futebol. Acordo sim uma fonte transparente de financiamento para o Santos poder suportar o valor da transferência, estando acordado os termos para a devolução ao longo de um determinado período", diz trecho da nota.
Vale lembrar que a eleição presidencial santista está prevista para acontecer em dezembro deste ano, quando termina o mandato de Odílio Rodrigues, que assumiu o cargo após o afastamento de Luis Álvaro. Ou seja, em caso de troca na administração, o futuro presidente assume a dívida.
Rivais
O presidente são-paulino Juvenal Juvêncio disse ter certeza que o Santos terá problemas futuramente por conta desta parceria, em declaração à imprensa. Além disso, é sabido que o Corinthians recusou a parceria com a Doyen recentemente.
Ao ser questionado sobre o assunto, Odílio foi incisivo.
"Eu jamais daria palpite na forma de atuação do São Paulo ou do Corinthians. Espero que o presidente já tenha bastante preocupação com o São Paulo. Quero ser ético. Temos um contrato com o Doyen e achamos que ele atende as nossas expectativas. O departamento jurídico aprovou e o Comitê Gestor também. Não temos preocupações", disse o dirigente santista.