O deputado João Paulo Cunha (PT-SP), primeiro réu a ser condenado no julgamento do mensalão, não esconde o ressentimento com o ex-presidente Lula, que nunca se pronunciou publicamente sobre o maior escândalo de corrupção do seu governo. "Sobre o Lula, você pergunta para ele", respondeu João Paulo ao jornal Folha de S. Paulo ao ser questionado sobre a relação com o ex-presidente. Ele afirma, porém, que sempre teve o apoio da militância do partido.
Aos 55 anos, João Paulo diz faltar "civilidade, humanidade e cortesia" ao presidente do STF, Joaquim Barbosa, que decretou a sua prisão, mas saiu de férias sem assinar o mandado. "Foi um gesto de pirotecnia do ministro. Se minha prisão não era urgente, não deveria ter anunciado (o encerramento do processo) e viajado, porque isso causa constrangimento no condenado. Tenho direitos e sou um ser humano com família e amigos a quem ele deveria pelo menos respeitar. Como parece que o respeito não é o forte dele, então considero que essa medida foi cruel", considerou.
Cunha disse que tem usado os últimos dias em liberdade para "cuidar da saúde, da alma e de alguns acertos políticos". O parlamentar ressaltou que não pretende, no momento, abrir mão de seu mandato na Câmara dos Deputados. "A renúncia é um verbo intransitivo e, neste momento, acho que é um assunto fora de pauta", afirmou. O deputado também descartou que o PT tenha errado. "Naquilo que é central, o PT acertou, construiu um novo Brasil e nós estamos pagando pelo que o PT tem de bom, e é isso que desperta a ira da elite branca brasileira, porque muita gente na história faz a opção pela casa grande e outros, pela senzala. Eu fiz a opção pela senzala",completou.