Além dos policiais militares, os agentes de trânsito da Agência Municipal de Transporte e Trânsito (Agetran) também vão trocar os blocos de papel por talonários eletrônicos, computadores de mão com acesso direto ao banco de dados do Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso do Sul (Detran- MS). Serão 60 smartphones em poder dos policiais da Companhia de Policiamento de Trânsito (Ciptran) e dos amarel i n hos. Os agentes respondem por mais de 85% das autuações por infração de trânsito na Capital, média de 6 mil por mês, contra 1.100 feitas por PMs. O Detran-MS já entregou à Polícia Militar 20 equipamentos e mantém outros 10 de reserva para becape. O aluguel de cada talonário vai custar R$ 280,00 por mês, gerando o custo mensal R$ 8,4 mil por todo o lote. “Se houver interesse da Agetran, vamos fazer um convênio para ceder os equipamentos”, informa o diretor-geral da autarquia, Carlos Henrique Santos Pereira. Parceria que é confirmada pelo diretor da Agetran, Rudel Trindade. “Precisamos de 60 talonários, 40 para serem usados pelos 36 agentes que atuam na fiscalização e 20 ficarão de reserva”, informa. O diretor do Detran-MS assegura que o objetivo de recorrer a esta ferramenta tecnológica não vai abrir caminho para reforçar uma suposta indústria da multa. “Queremos usar o equipamento para evitar imprecisões nas notificações, que terão mais consistência, com pouca margem para erros sobre o local, o dia e a hora que a infração aconteceu, porque os talonários têm Sistema de Posicionamento Global (GPS)”, reforça. Santos Pereira admite, porém, que o talonário é também uma forma de fechar o cerco aos proprietários de veículos com algum tipo de restrição – mandado de busca e apreensão, licenciamento vencido, ou mesmo se tiver sido roubado. O acesso ao banco de dados do Detran- MS dá ao policial ou ao amarelinho, em tempo real, a informação completa sobre o veículo e o condutor, no caso de abordagem. O computador de mão em poder dos agentes e policiais de trânsito vai dificultar uma prática comum entre os motoristas multados: a transferência para terceiros (um parente ou mesmo um amigo) da responsabilidade pela infração, para não perder pontos na carteira de habilitação. “A partir da abordagem, o policial faz a notificação e já identifica de imediato o proprietário e o condutor. Não adianta depois levar a CNH do avô, que nem dirige mais, para se livrar do risco de ter a habilitação suspensa”, observa Santos Pereira. De qualquer forma, a possibilidade de transferir a responsabilidade para um terceiro ainda vai existir, quando não se fizer a abordagem do motorista. “No caso, por exemplo, do amarelinho perceber que um veículo furou o sinal vermelho, ele apita, mas dificilmente vai conseguir parar todos os condutores para abordá-los”, admite o diretor da Agetran. Neste caso, persiste o trâmite normal. Depois de feita a autuação, o motorista recebe a notificação em casa e tem 30 dias para apresentar defesa, inclusive eximindo-se de culpa, transferindo-a para um terceiro, que assume (por escrito) a responsabilidade.