Se tudo o que você espera encontrar em uma feira de produtos orgânicos são verduras para uma nutritiva salada ou frutas para um bom suco, seja bem vindo a um novo mundo.
Na Biofach Nuremberg -a maior feira de negócios do setor realizada nesta semana na cidade de mesmo nome, na Alemanha-, o que menos se vê são alimentos frescos.
Quem passa pelos corredores da feira experimenta cervejas, refrigerantes, vinhos, azeites, massas, queijos, carnes, pães, chocolates (muitos chocolates) e até kebab turco... Tudo feito com ingredientes orgânicos.
Na feira, você descobre que até a salvadora pizza congelada ou o macarrão instantâneo podem ser orgânicos, que os conceitos da agricultura biodinâmica (que se diferencia da orgânica por adotar o calendário astronômico) também podem ser levados a produtos industriais e que o mercado de alimentos para veganos cresce em ritmo acelerado -os itens vegetarianos são destaque entre os lançamentos da feira deste ano.
Os países desenvolvidos convivem com uma grande indústria de alimentos orgânicos que movimenta US$ 64 bilhões por ano, segundo os dados mais recentes do setor, referentes a 2012. São empresas inovadoras, com marca e demanda crescente -apesar de a crise internacional ter desacelerado o ritmo de expansão do consumo.
Brasil
Enquanto a Europa apresenta uma indústria de alimentos e bebidas voltada somente para os consumidores de produtos orgânicos, os países emergentes participam mais desse mercado como fornecedores de matérias-primas.
É o caso do Brasil, que tem o açúcar como principal produto orgânico exportado. Dos 24 expositores brasileiros na feira deste ano (incluindo cooperativas), dois são grandes produtores de açúcar orgânico: a Native e a Jalles Machado.
Líder mundial nas exportações de açúcar orgânico, a Native vende o produto com sua marca em 17 países, e alça voos maiores. No ano passado, expandiu o seu portfólio para sucos prontos, e também já vende café, azeite e achocolatados com a marca Native.
Na rede de varejo norte-americana Costco, a Jalles Machado também coloca o açúcar com a sua marca, a Itajá, nas prateleiras. Agora, tenta fazer o mesmo no Brasil. "É importante estarmos no varejo para construirmos uma marca e fidelizarmos o cliente", diz Henrique Penna de Siqueira, diretor comercial da empresa.
Exportadora brasileira de própolis e mel, a MN Própolis, de Mogi das Cruzes (SP), também tenta imprimir a sua marca nos seus produtos, mas enfrenta resistência até dos mais novos clientes, os chineses.
A China quer comprar matéria-prima para formular os produtos lá. Para nós, o ideal é vender os extratos com a nossa marca. É difícil, mas estamos trabalhando nesse sentido", diz Vinícius Shindy Baba, da área comercial da empresa.