Novas denúncias do estouro do escândalo bilionário da compra de refinaria americada pela Petrobras estão desabando no senador Delcídio do Amaral (PT), pré-candidato a governador de Mato Grosso do Sul, segundo reportagem de hoje (24) no jornal Correio do Estado. O seu protegido na Petrobras, Nestor Cerveró, caiu por ser o responsável pelo parecer avalizando a aquisição da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA). A principal polêmica é o preço: o valor que a estatal brasileira pagou em 2006 à Astra Oil para a compra de 50% da refinaria – US$ 360 milhões – é oito vezes maior do que a empresa belga havia pago, no ano anterior, pela unidade inteira. A Petrobras ainda teve de gastar mais US$ 820,5 milhões no negócio, pois foi obrigada a comprar os outros 50% da refinaria. Isso porque a estatal e a Astra Oil se desentenderam e entraram em litígio. Havia uma cláusula no contrato, chamada de “put option”, estabelecendo que, em caso de desacordo entre sócios, um deveria comprar a parte do outro.
Diante desse escândalo, o senador Delcídio do Amaral atribuiu ao PMDB do presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), a indicação de Cerveró para a área internacional da Petrobras. Renan reagiu de pronto declarando que Delcídio não precisava ficar preocupado com a escolha de Cerveró. Ele acredita que o senador não teria recomendado a nomeação do engenheiro para roubar da empresa. Delcídio negou a responsabilidade pela indicação de Cerveró e abriu guerra com o PMDB.
No entanto, de acordo com a reportagem de Adilson Trindade, a coluna de sábado de Cláudio Humberto, publicada diariamente nos grandes jornais dos Estados, incluindo o Correio do Estado, mostrou a relação de Delcídio com Cerveró. Segundo Cláudio Humberto, “o operador da compra superfaturada da refinaria americana, Nestor Cerveró, é mesmo ligado ao senador Delcídio do Amaral (PT-MS). São amigos e trabalharam juntos. Cerveró era diretor internacional quando a Petrobras pagou US$ 1,180 bilhão pela refinaria, avaliada em US$ 42,5 milhões (28 vezes menos)”. O diretor foi substituído depois, em março de 2008, por Jorge Zelada, indicação coletiva de deputados federais do PMDB mineiro.