Os dois anos de proibição imposta pela Casa Rosada à compra de dólares para investimento não serviram para que os argentinos deixassem de poupar na moeda americana.
Levantamento do Indec (Instituto Nacional de Estatísticas e Censos), o IBGE local, aponta que em 2013 existiam US$ 217,4 bilhões fora do sistema financeiro no país, contra US$ 8 bilhões em depósitos bancários, segundo o Banco Central. A cifra equivale a 50% do PIB (Produto Interno Bruto) da Argentina.
Em 2012, a quantidade de dólares não declarados foi de US$ 199,6 bilhões. Em uma década dos governos de Néstor e Cristina Kirchner, essa quantia aumentou em US$ 100 bilhões.
Os argentinos há mais de 40 anos têm o costume de poupar em dólar, principalmente por causa da inflação e das crises econômicas pelas quais o país já passou. Essa poupança não-oficial costuma ser mantida em contas no exterior, cofres em bancos ou guardada em casa.
Em janeiro, após o peso ter se desvalorizado 23%, a Casa Rosada voltou atrás na proibição da aquisição de dólares para investimento.
Agora, os contribuintes registrados na Receita Federal que tenham salário mínimo de 7.200 pesos (US$ 900) podem adquirir por mês até 20% de sua renda mensal líquida na compra da moeda americana.
Como o limite máximo para a operação é de US$ 2.000 e muitas pessoas não querem registrar a compra na Receita, os argentinos continuam comprando a moeda em casas de câmbio ilegais e guardando o dinheiro "no colchão".