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Chamados à conversão Chamados à conversão 6 MAR 2010 • POR • 03h48

Há um anseio profundo em cada mente humana de buscar algo melhor, mais precioso, mais enriquecedor e mais saudável. Ninguém aceita viver no incômodo de certas dúvidas, de incertezas, de angústias e de inseguranças. Há a necessidade de sentir-se livre, com o máximo de segurança e de tranquilidade. Esse tempo que a Igreja oferece, o assim chamado tempo da quaresma, é um tempo especial para essa revisão de conceitos e essa retomada para uma revisão mais profunda e mais sincera do jeito de viver e de encarar as situações mais diversas e diferentes que se apresentem no caminho do dia a dia da vida. Esse tempo da quaresma é também um tempo de escolha. Ou, melhor dizendo, de conversão. Converterse significa dispor-se a acolher a presença e a ação salvadora de Deus revelada e oferecida em Jesus Cristo. É ele quem traduz na realidade o seu grande e generoso desejo de salvar a todos e a cada um. É ele quem alerta para não servir a Deus e ao dinheiro ao mesmo tempo e em tempo nenhum. As duas realidades não combinam. É preciso saber distinguir e escolher. Quem se diz cristão, ou simplesmente humano, precisa alimentar convicções que expressem coragem e dinamismo em dizer “não” a tudo quanto seja contrário à justiça, à verdade e à fé. Dizer “não” a tudo quanto seja contrário à ética e à moral, a tudo o que queira enganar ou explorar os mais pobres e mais sofridos. Converter-se é analisar com sinceridade o jeito de conviver com os demais. É muito cômodo fechar-se em seus conceitos, em seu modo de pensar e de interpretar a realidade. É muito fácil considerar-se possuidor da verdade e julgar os demais como sendo falsos ou medíocres. O difícil é aceitar que também possa estar no engano, ou até no erro. E passar a respeitar mais o modo de pensar dos outros. E admitir que os outros podem estar com a verdade. Pois cada qual interpreta a realidade conforme sua capacidade e conforme seus conhecimentos adquiridos. Nem todos pensam da mesma maneira, na mesma dimensão e na mesma intensidade. E o desafio da conversão consiste justamente em respeitar esses diferentes modos de pensar e de interpretar essa realidade salvaguardando a dignidade e a vida de cada ser humano pensante. O Mestre dos mestres assinala diversas atitudes para cultivar esse espírito de conversão. Revela que por parte de Deus Pai não existe pressa em ver o povo convertido, pois conhece sua fragilidade e suas limitações. E, sábio como ele só, oferece permanentemente graças e bênçãos para que ninguém desanime nem desfaleça. Ele é paciente e compassivo, incapaz de desejar o mal, o sofrimento, ou qualquer outra desgraça. Infelizmente nem todos entendem. Falta uma conversão mais sincera e mais justa. Falta entender que cada qual tem sua tarefa e sua missão em sua família, em sua comunidade e na sociedade como um todo. Converter-se exige reconhecimento das próprias capacidades e dos próprios dons e tudo colocar a serviço da verdade e do bem.