Do Brasil. Assisti no Cinemark. Uma análise antepredicamental sobre o filme, dir-se-á que: inconteste, incontroverso, inconcusso a caminhada do filho pernambucano ao Palácio do Planalto. O menino que comia feijão com farinha na rústica Garanhus, chega a São Paulo, passando de torneiro mecânico para longa vida sindical e daí para o PT, que o levou à Presidência da República. Perdeu 3 eleições. Na 4ª, alcançou o seu desiderato. Gente, essa conquista não traduz uma configuração invejável? Sim. Lula já entrou na história antes de sair da vida. Só que, no entender dos cientistas políticos, é cedo para dizer em qual categoria: se na dos líderes populistas ou na dos estadistas. Não há dúvida de que o produtor do filme, Fábio Barreto, FEZ UMA LEITURA SELETIVA DA BIOGRAFIA DO LULA. Nada, nada, se relatam no filme, cenas deformatórias dos algozes do presidente na governança do Brasil. Tudo, tudo, ficou de fora, desde 2002, primeiro ano de seu Governo. Mesmo assim, como assevera o jornalista da Veja Otávio Cabral: “Fábio Barreto, retocou com matriz de heroísmo, até os momentos, nos quais, Lula não se destacava”. Em vida, Dona Lindu, mãe do Lula, teria recomendado ao produtor: "Por favor, Barreto, não mostre na tela, somente o périplo de Lula, do agreste ao Planalto. Mostre também, todas as nuanças do seu Governo". Meu Deus, então no filme, veríamos Khofi Annan, ex-secretário geral da ONU, quando na 15ª. Cúpula Ibero-Americana, realizada em Salamanca (outubro/05), declarou impiedosamente, na presença do Lula que "o Brasil era um dos países mais corruptos do mundo”, baseado na pesquisa da ONG Transparência Internacional. Lula engoliu o desaforo. Outra cena a ser demonstrada no filme, seria a monstruosa invasão da fazenda “Santo Henrique”, no interior de São Paulo, de propriedade da Cutrala. Considerando que foi o próprio Lula quem ajudou a construir o mito e a mística do MST, o que essas choldras aprontaram na citada fazenda? Simplesmente, destruíram 10.000 pés de laranja, roubaram 45 T de produtos agrícolas, sumiram com 12.000 L. de diesel e quebraram 28 tratores. Só isso. Por que, também, não exibir nesse filme, o chamado MENSALÃO, neologismo que identificou os apetites pantagruélicos da quadrilha que avançou sobre o dinheiro público no Governo Lula, cujo canal central que funcionava como o trem pagador, o VALERIODUTO? Também, a manobra que redundou no DOSSIÊGATE (escândalo falso dos R$ 1,7 milhão para incriminar o José Serra) sinopse que contou com o segurança pessoal do Lula, Freud Godoy, e o seu churrasqueiro, Jorge Lorenzetti, poderia muito bem integrar-se na base do longa- metragem. Na esteira dos R$ 16 milhões gastos na produção do filme, sugeriria a produção de mais um filme: “LULINHA, O NETO DO BRASIL”. Por quê? Porque esse rapaz, Fábio Luis Lula da Silva, era um cidadão comum que trabalhava, como biólogo, no Zoológico de São Paulo, com salário de R$600,00. De repente, o homem enriqueceu no Governo de seu pai. Com 31 anos, já era detentor de US$ 2 milhões. Como? Sua pequena empresa, a Gamecorp, em operações bastante tortuosas, recebeu da Telemar a bagatela de R$15 milhões, que foram injetados no seu capital de giro. À evidencia, a imprensa botou a boca no trombone. Lula reagiu em defesa do filho, alertando a imprensa de não se meter na vida privada do Lulinha. Não ficou só nisso. Entrou na Justiça contra a revista Veja que, também, além desse fato, mostrava à sociedade brasileira, tristes episódios de corrupção, tráfico de influência e quebra de normas ética e morais do Governo Lula. Louvor ao Judiciário, eis que a juíza Ana Carolina Vaz Pacheco de Castro julgou improcedente a ação movida pelo PT, sentenciando, assim: "Episódios de corrupção, tráfico de influência..., são de inegáveis interesse público. A imprensa tem não só o direito, mas também o dever de retratar fatos graves... “ Substanciado as assertivas, conclui-se que o filme "LULA, O FILHO DO BRASIL", muito antes de ser um filme, é uma perfeita estratégia eleitoral. Como obra de arte, é uma irretocável peça de propaganda. Roberto Romano, professor de ética da Unicamp, referindo-se ao filme: “É uma imensa obra de bajulação ou de propaganda. Acho que são as duas coisas”. Do jornalista Diego Escosteguy, da Veja: “Por fazer parte de um projeto de beatificação do personagem, com vista a servir de propaganda eleitoral disfarçada de entretenimento na próxima campanha, Lula, o Filho do Brasil parece coisa de marqueteiro”. É eleitoreiro sim. Tanto, que o presidente Lula determinou que as centrais sindicais, como a CUT e a Força Sindical, façam planejamentos para exibição do filme, num maior circuito eleitoral possível, dada a pressa de esquentar a campanha de Dilma. Com o projeto Cinema Cidade, o Governo, com o dinheiro do contribuinte, instalará cinemas em 1.777 municípios, tudo visando à campanha eleitoral, com exibição do seu filme. Pode?