Logo Correio do Estado

DISCUSSÕES NA WEB Amigos e familiares entram em confronto nas redes sociais por causa das eleições Discussões sobre política tornaram a internet palco de mal-estar entre os usuários 18 OUT 2014 • POR DA REDAÇÃO • 00h00

Amigos de infância brigando, ofendendo-se, excluindo um ao outro do convívio pela internet e, nos casos mais graves, até da relação pessoal. O motivo? Discussões sobre política nas redes sociais, especialmente a respeito das eleições. E nem familiares escapam das brigas, que acabam por interferir na relação real das pessoas. 

Segundo o Safernet, que recebe notificações sobre crimes virtuais, em relação ao mesmo período do ano anterior, o número de denúncias sobre discursos de ódio on-line mais que triplicou nos dias próximos da votação. Entre 28 de setembro e 6 de outubro, houve 3.734 denúncias sobre crimes de ódio na internet. Esse número é mais do que o triplo do acumulado no mesmo período do ano passado, que foi de 1.221 denúncias.

A reportagem do Correio B conversou então com a mediadora de conflitos Suely Buriasco, educadora com MBA em Gestão Estratégica de Pessoas e autora de livros sobre conflitos pessoais, para aconselhar os internautas sobre como se comportar nos debates na rede. “As pessoas estão se digladiando”, começa Suely, ciente do número crescente de discussões e ataques pessoais.  A especialista, no entanto, é a favor da livre expressão na internet. “Nós vivemos em uma democracia. É importante postar e opinar, mas deve haver respeito e limites”.

Limites

Quem deve estabelecer os limites, de acordo com Suely, é o autor de cada postagem. “É bom evitar comentar em postagens de pessoas que não são suas amigas na rede social, porque, assim, você estaria ultrapassando um limite daquela pessoa, mesmo que a postagem seja pública [para todos verem e comentarem]”, indica a mediadora.

“O brasileiro tem essa coisa do calor humano, mas isso está gerando brigas sérias até entre pais e filhos, marido e mulher. É algo que precisa ser repensado. A discussão tem que ser respeitosa”.
Para Suely, nem um tipo de debate no Facebook é motivo para se deletar ou bloquear um amigo ou familiar. “Antes de tomar medidas drásticas, é preciso que volte atrás e reconheça que esse não é um motivo para você terminar uma amizade”, avalia. “Isso é uma intransigência, se seu amigo não pode ter uma liberdade de expressão, você está sendo intransigente”.

No Facebook, os internautas reclamam que até tentam, mas, por vezes, fica difícil evitar um corte nas relações com amigos e parentes. “Parente a gente não escolhe, mas pode se afastar. E Deus me livre ter um amigo que tem preconceito com nordestino, por exemplo. Deixará de ser amigo”, enfatiza Natalia Costa, 22 anos, estudante de Medicina, que, quando necessário, deleta amigos que destilam preconceito na web.

A reportagem, de Eduardo Fregatto, está na edição de hoje (18) do jornal Correio do Estado