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OPINIÃO Roberto Santos Cunha: "Respeito ao estado democrático de direito" Advogado- E-mail: robertocunhaadv@hotmail.com 10 NOV 2014 • POR • 00h00

No dia 26 de outubro passado, aproximadamente 112 milhões de brasileiros compareceram às urnas para votar, em segundo turno, o governante do País pelos próximos 4 anos. Também tivemos 13 Estados, mais o Distrito Federal, elegendo em segundo turno os seus próximos governadores. No nosso Estado de Mato Grasso do Sul, foram quase 1,4 milhão de eleitores participantes do pleito.

Como resultado, tivemos a presidente Dilma do PT reeleita com ínfima diferença, detendo 51,64% dos votos válidos contra 48,36% do candidato Aécio Neves (PSDB). Em âmbito estadual, sagrou-se vencedor o candidato tucano Reinaldo Azambuja, com surpreendentes 55,34% contra 44,66% do senador Delcídio do PT.

No que concerne ao resultado das eleições presidenciais, importante fazer uma ponderação, antes de chegar a uma conclusão inabalável. Ao se considerar a grande abstenção que novamente tivermos em segundo turno – ocasião em que 21,1% dos eleitores deixaram de exercer o seu direito ao sufrágio -, somada ao percentual dos votos do candidato derrotado, 48,36% dos votos válidos, constata-se que a presidente reeleita Dilma nem de longe representa a vontade da maioria absoluta da população brasileira. Entretanto, forçoso reconhecer que a sua vitória foi legítima, dentro das regras eleitorais que dão suporte à nossa democracia. Neste sentido, ainda que descontentes, devemos respeitar o resultado das urnas, a fim de não vilipendiar o Estado Democrático de Direito.

Mas isso não significa compactuar com os escândalos e desmandos perpetrados pelo partido da presidente eleita, a qual, ao que parece, pretende implementar sorrateiramente no Brasil o “bolivarianismo” - doutrina socialista que vigora em algumas nações sul-americanas. Cabe principalmente à oposição, inobstante derrotada por uma pequena diferença saiu fortalecida nessas eleições, dentro das regras democráticas, acompanhar de perto todas as ações da Presidente reeleita, cobrando dela estrita observância às normas Constitucionais e aos princípios democráticos.
Lado outro, no Estado, o resultado das eleições para a maioria do eleitorado sul-mato-grossense foi paradoxal. Ao eleger Reinaldo Azambuja com uma acachapante margem de diferença em face do senador Delcídio do PT, evidenciou-se que, alinhados à maioria dos eleitores das regiões centro-oeste, sul e sudeste do País, a população do Estado se posiciona em favor da mudança, do novo, da ética e da responsabilidade.

Portanto, ainda que a democracia continue a caminhar em ritmo fúnebre no País, considerando que o nosso Mato Grosso do Sul demonstrou nesse pleito a qualidade de Estado da mudança, cabe-nos, unidos aos demais compatriotas descontentes, fazer veemente e implacável oposição ao Governo Federal, mas dentro da ordem e legalidade, cobrando o respeito às instituições democráticas, às liberdades individuais, à liberdade de imprensa, ao livre mercado etc, para não correr o risco de, a exemplo dos outros Países da América como Venezuela, Bolívia, Equador, Argentina e Cuba, nos tornarmos lamentavelmente a República Bolivariana do Brasil.