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Política Ruído Ruído 22 JAN 2010 • POR Michelle Rossi • 06h47

Filme da discórdia 1 Qual é o problema com “Lula, o filho do Brasil”? Analisado do ponto de vista cinematográfico, nenhum. Na tela, estão todos os elementos que o cinema americano usou e abusou ao longo da sua história: a trajetória de personagem que vence enfrentando todas as dificuldades impostas pelo sistema. Não é uma obra inovadora, ao contrário, conservadora na essência, porém, eficiente como espetáculo popular. Difícil não acompanhar com interesse as agruras familiares do personagem e suas pequenas conquistas. Em qualquer lugar do mundo a trajetória familiar do atual presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, seria um prato cheio para qualquer produção audiovisual. Coisa que Hollywood faz desde sua origem. O cinema americano está repleto de cinebiografia de personalidades marcantes, seja no campo político, cultural ou social. Se é um espetáculo cinematográfico pertinente, por que o filme recebeu tantas pedradas desde o lançamento? Filme da discórdia 2 O problema não está na tela. Longe disso. Na verdade, surge em tudo que envolve a figura do presidente. Por um certo prisma, é difícil defender o filme. O momento ideal do lançamento seria logo após o afastamento de Lula do poder. Cria, realmente, um malestar. Por outro, não é motivo suficiente para considerá- lo apologia eleitoral como apregoa a oposição e certo setores de nossa imprensa. Difícil transformar a obra numa peça publicitária para Dilma Roussef. Como muito bem apontou o crítico de cinema da “Folha de S. Paulo”, Inácio Araújo, só se alguém quiser ver na mãe de Lula a figura de Dilma. Bobagem. Filme da discórdia 3 Outro aspecto refere-se ao público que foi assistir à obra. Qualquer um que acompanha com atenção o mercado cinematográfico suspeitava de que o filme dificilmente chegaria aos números pretendidos pelos produtores. Chegou-se a falar em 10 milhões de espectadores. Depois de quase um mês de exibição, o número beira a 10% do pretendido. Não há nenhum fator estranho nesse processo. Nos últimos anos, a frequência nos cinemas centrou-se nos segmentos A e B da população, aquele de maior poder aquisitivo. Dificilmente esse público pagaria entrada para assistir à saga familiar do presidente. Em muitos casos, são aqueles que durante os últimos anos não tiveram simpatia pela atuação do presidente e, muito menos, com sua eleição. O fracasso de “Lula, o filho do Brasil” nas bilheterias também mostra que o cinema – no que se refere às salas de exibição – há muito deixou de ser uma atração popular. Caso fosse, em outro período, com certeza, o filme teria mais sucesso. Maiores da década A edição deste mês da revista “Billboard Brasil”, que está nas bancas, traz balanço da década de algumas paradas de sucesso como a americana e latina. Não teve para ninguém, o rap dominou de ponta a ponta. O artista da década é o rapper Eminem (foto). Sozinho, ele vendeu a bagatela de 32 milhões de cópias. Num período de crise, os números são relevantes. Depois dele aparecem Usher, Nelly, 50 Cent, Jay-Z entre os maiores vendedores de disco. Ainda entre os 10 mais do período aparecem Beyoncé, Alice Keys, Destiny’s Child. Todas defendendo o R&B. Quer dizer, a música americana nunca foi tão negra. O curioso é que, assim como o rock, gênero de sonoridade negra na sua essência, mas que teve o branco Elvis Presley como figura de ponta, o rap, negro até a medula, também tem no panteão máximo um branco, Eminem. Rock MS no ar A edição atual da revista da Gol, distribuída aos passageiros da empresa aérea, traz ampla matéria sobre a cena rock do Estado feita pela jornalista paulista Ana Carolina Monteiro. O material ainda traz opinião de pessoas de fora daqui sobre a movimentação. Esta escriba também participou da reportagem com opiniões sobre as bandas de maior destaque no cenário.