Neguinho da Beija-flor, intérprete da escola campeã do Carnaval do Rio, afirmou nesta quinta-feira (19) que dinheiro proveniente de contravenções foi responsável pela organização e pelo investimento que transformaram o evento no espetáculo que é atualmente.
"Se não fosse a contravenção meter a mão no bolso, organizar, ainda estaria naquele negócio de armar e desarmar, arquibancada caindo, desfile terminando às 14h. Cada escola desfilando 2 ou 3 horas, a hora que quer. Se temos hoje o maior espetáculo do planeta, agradeça à contravenção", afirmou ele em entrevista à Radio Gaúcha.
O intérprete defendeu o enredo da escola e o patrocínio dado pelo governo de Guiné Equatorial, que vive uma ditadura há 35 anos. "A Beija-flor foi muito feliz no tema, na minha concepção. Falou da importância do negro na nossa cultura. E a beleza de um país negro desenvolvido. Com ditador, sem ditador, a Guiné Equatorial é um país que está prosperando", disse.
O patrocínio, que, segundo o jornal "O Globo", chegou a R$ 10 milhões, foi negado nesta quinta por um dos carnavalescos da Beija-Flor, Fran-Sérgio, que creditou o dinheiro repassado para a escola a empresas brasileiras de construção civil que atuam no país africano homenageado.
"Nem passou pela minha cabeça que ia ter essa problemática [as críticas ao patrocínio]. De repente surgiu essa problemática e ficaram batendo nisso por duas semanas direto", afirmou Neguinho da Beija-flor.
O intérprete também falou sobre o alto nível do desfile desse ano, que, segundo ele, foi o mais disputado.
"Foi o campeonato mais difícil que enfrentamos. Tiveram seis ou sete escolas com possibilidade de ganhar o Carnaval", afirmou ele, citando a Portela, a Salgueiro, a Imperatriz, a União da Ilha e a Grande Rio. A Beija-flor ganhou na força da comunidade, que é a grande estrela da escola, e porque errou menos.