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Cidades Capacidade de vazão está esgotada Capacidade de vazão está esgotada 15 MAR 2010 • POR • 22h46

Foi preciso Campo Grande enfrentar duas vezes em dois meses situações de caos, contabilizando grandes prejuízos, provocados por fortes temporais (dias 27 de dezembro e 27 de fevereiro), para a Prefeitura despertar para inevitável realidade: aparentemente esgotou-se a capacidade do canal do Prosa de escoar toda água de chuvas de intensidade “anormal”. Projeta-se resultado previsível: toda vez que chover mais forte, o córrego transbordará e inundará seu entorno, provocando estragos por onde a enxurrada se espalhar. Mesmo com tod as as intervenções que têm sido feitas no córrego (a última delas ao custo de R$ 29,2 milhões), toda a região voltou a conviver com inundações e alagamentos às margens, situação que muita gente imaginou pudesse ser coisa do passado. Afinal, a Prefeitura encomendou grandioso projeto, buscou financiamento com o Governo Federal e deu no que deu: fracasso absoluto. É quase unanimidade a opinião de que chuvas, com grande intensidade, voltarão a provocar estragos e caos na área de influência dos 2.700 hectares que formam a Bacia do Prosa. O mesmo consenso, porém, não existe sobre como resolver o problema. Engen heiros, urban istas, ambientalistas mantêm posições cautelosas e preferem defender estudos aprofundados, evitando arriscar palpites. “É preciso fazer ampla avaliação de toda a região impactada, antes de emitirse parecer definitivo”, pondera o engenheiro Edson Shimabukuro. Ele integra a comissão formada pelo Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura de Mato Grosso do Sul (Crea-MS) para apontar alternativas de solução. O relatório deverá ser divulgado no final deste mês. Será cobrada da Prefeitura a criação de um departamento encarregado dos projetos de micro e macrodrenagem. Também será sugerida a adoção de índices mínimos diferenciados de permeabilidade, conforme a região da cidade. Hoje, a prefeitura obriga os proprietários a deixar 12,5% do terreno com cobertura vegetal. A proposta é no sentido de exigir-se área maior de cobertura vegetal em regiões com solos mais frágeis, com alto risco de erosão desencadeando, por isso mesmo, o agravamento do processo de assoreamento do córrego, com redução de sua capacidade como escoadouro natural das enxurradas. A Bacia do Prosa, área na qual o temporal do último dia 27 de fevereiro provocou os maiores estragos, tem esta característica, conforme demonstrou a Carta Geotécnica de Campo Grande (elaborada em 1991). O estudo traz a “radiografia” das características do solo do perímetro urbano de toda a cidade, estimado em 34 mil hectares. Intervenções caras O secretário municipal de Infraestrutura, João Anton io De Marco, defende o red imensionamento da drenagem em bairros como Santa Fé, Giocondo Orsi, Jardim Bela Vista, Itanhangá Park, Monte Líbano, além da construção de obras de retenção das en xurradas, incluindo um piscinão entre as avenidas Ceará e Mato Grosso, e mais seis barragens de contenção. “São i nter venções caras e que terão de ser realizadas ao longo de 10 a 15 anos”. Em relação ao leito do córrego, o secretário desaprova soluções tais como o seu “envelopamento”, canalização similar àquela feita a partir do cruzamento das ruas Fernando Corrêa da Costa e Padre João Crippa. “O custo é alto, haveria resistência principalmente por parte dos ambientalistas, o que dificultaria a obtenção de recursos federais”. A mesma opi n ião tem a presidente do Instituto Municipal de Planejamento Urbano, Marta Mart i nez. Ela entende que canalizar o Prosa, entre as ruas Ricardo Brandão e Padre João Crippa, só transferirá o problema das cheias para o Córrego A nhanduizinho, formado com a junção das águas dos córregos Segredo e Prosa, na altura do Horto Florestal. (FP)