Preso em flagrante em operação da Polícia Civil que apura envolvimento de políticos em rede de pedofilia, Luciano Roberto Pageu é dono de empresa que organiza eventos e responsável por publicação de revista religiosa. O Grupo Altar, como é chamada a empresa que Luciano preside, teve relações com a prefeitura de Campo Grande, no ano passado.
Em extrato publicado em setembro do ano passado no Diário Oficial de Campo Grande (Diogrande), a Fundação Municipal de Esporte (Funesp) autoriza o Grupo Altar, representado por Luciano, a utilizar as instalações do Parque Ayrton Senna, no bairro Aero Rancho, para promoção de shows gospel.
Na época, o espaço foi usado em três datas no mês de setembro e duas em dezembro para realização de show com dupla gospel, evangelização, vigília e até conferência religiosa.
No documento, a prefeitura não cobrou nenhum tipo de valor pela locação do espaço. O pagamento seria feito em permuta. No entanto, o documento não traz o detalhamento de qual serviço a empresa de Luciano prestaria para a administração municipal.
Além da promoção de shows, a empresa em nome de Luciano Pageu, mais conhecido como Luciano Altar, produz a revista Altar. No site da revista, Luciano aparece como diretor-presidente da publicação.
Nos registros da Receita Federal, a empresa de Luciano atua no ramo de marketing direto, gestão de espaços para espetáculos, produção de fotografia aérea, comércio de jornais e filmagem de festas e eventos.
OPERAÇÃO
Iniciada na última quinta-feira (18), a operação comandada pelo delegado Paulo Sérgio Lauretto, da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), apura o envolvimento de políticos em suposta rede de pedofilia.
Além de Luciano, também foi preso, na quinta-feira, o ex-vereador Robson Leiria Martins. Os dois teriam sido flagrados recebendo R$ 15 mil do vereador Alceu Bueno (PSL), que seria suposta vítima de extorsão.
Os detalhes sobre a investigação e envolvimento de cada pessoa presa só deve ser divulgado pela Polícia Civil na próxima quarta-feira (22). No entanto, há suspeitas de que outros políticos estejam envolvidos no caso.
A reportagem apurou que ex-deputado estadual e que foi, inclusive, candidato a vice-governador de Delcídio do Amaral (PT), nas primeiras eleições em que ele concorreu ao cargo, em 2006, também será investigado por envolvimento no caso.
PRISÕES
Luciano e o ex-vereador Robson Martins continuam detidos em razão de conversão da prisão em flagrante em preventiva. Os dois já entraram com pedido de liberdade, mas ainda não houve análise do pedido.
A reportagem tentou contato com o advogado Ramão Sobral, que representa o ex-vereador e Luciano, mas as ligações não foram atendidas. (Matéria alterada às 12 horas para correção de informação)