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Crime ambiental Poucos casos chegam à polícia e Capital tem cinco maus-tratos por mês Último caso de repercussão ocorreu no sábado e será registrado pela própria polícia 1 JUN 2015 • POR ALINY MARY DIAS • 10h24

Todo mês, em média, chegam até a Delegacia Especializada de Repressão a Crimes Ambientais e Proteção ao Turista (Decat) cinco casos de maus-tratos cometidos a animais. Para muitos, o número pode parecer pouco, mas a explicação é simples, muitos casos não são levados ao conhecimento da polícia.

Um exemplo é o último caso de grande repercussão na Capital. A cachorrinha Vitória, de apenas três meses, teve a pele do corpo e das patas arrancada com uma faca. A suspeita é que quatro adolescentes tenham cometido o ato infracional no último sábado (30).

De acordo com o titular da Decat, delegado Wilton Vilas Boas, assim que chegou na delegacia, na manhã desta segunda-feira, iniciou buscas no sistema da polícia para encontrar o registro do caso. No entanto, assim como muitos outros, o caso não foi registrado.

“Eu fiz uma busca também nos registros da Deaij (Delegacia Especializada no Atendimento à Infância e Juventude) porque pelo noticiado adolescentes praticaram o ato. Como eu não encontrei nenhum boletim, vou fazer o registro e iniciar as investigações”, disse Vilas Boas.

O objetivo da apuração inicial será identificar os adolescentes. Se for confirmado que se trata de menores de idade, o caso deverá ser repassado para a Deaij.

De acordo com o delegado, a orientação para casos de maus-tratos a animais é que a testemunha registre o caso na delegacia ou então denuncie para a polícia no 190. Dessa forma, os casos ficam oficialmente no banco de dados da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) e podem ser contabilizados.

Para quem comete o crime ambiental de maus-tratos, a pena varia de três meses a 1 ano e segundo o delegado, a penalidade baixa não tem ligação para a quantidade de casos.

“Se a pena tivesse influência, ninguém cometeria o crime de roubo, por exemplo, o problema aí é de caráter e de conscientização de quem comete esses crimes”, completou o titular da Decat.

O CASO

Vítima da crueldade humana, a história da cachorrinha batizada de Vitória comoveu pessoas, protetores de animais e veterinários. A vira-lata de três meses está lutando pela vida após ter metade da pele do corpo arrancada com uma faca, as patas traseiras quebradas e sido espancada por quatro pessoas na tarde de sábado (30), na rua da Beira Mar, no Bairro Coophavilla II, em Campo Grande.

Para a protetora de animais, Simona Zaim, que fez o resgate da cadela a cena foi chocante. “Nunca tinha visto algo assim aqui. Os órgãos dela estavam para fora. Os gritos dela não saem da minha cabeça”, desabafa.

Agora, ela e as entidades que defendem os animais da Capital estão procurando os responsáveis pelo crime.