O PMDB começa a enxergar a senadora Marisa Serrano (PMDB) como provável adversária na disputa pela sucessão estadual. Ontem, o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Jerson Domingos (PMDB), acusou Marisa de prejudicar Mato Grosso do Sul ao promover “política da crítica”, tanto ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) quanto ao governador André Puccinelli (PMDB). Ele chegou a insinuar que Marisa não faz nada para o Estado. “Qual foi a contribuição dela?”, perguntou aos jornalistas. “Os senadores Valter (Pereira, do PMDB) e o Delcídio (do Amaral, do PT) são bem mais operantes em trazer recursos para Mato Grosso do Sul”, completou. O ataque de Jerson contra Marisa ocorreu para rebater as críticas dela e de seus aliados ao governador por ele não definir aliança com PSDB e apoio à pré-candidatura do governador de São Paulo, José Serra, à Presidência da República. Marisa cobra definição de André até para o PSDB decidir se vai apoiar a sua reeleição. Jerson considera precipitada esta pressão dos tucanos sobre o governador. Inquieta com a demora do governador em recebê-la para tratar de eleições, Marisa disse, esta semana, que está pronta para enfrentá-lo. O governador respondeu em tom de ironia: “oh my God!” Ao avaliar as investidas da senadora, Jerson chegou à conclusão de que “ela (Marisa) está criando dificuldades para vender facilidade”. O presidente da Assembleia Legislativa fez as críticas à senadora, depois de conversar ao péde- ouvido com o governador, ontem, durante solenidade de comemoração dos 31 anos da Sanesul. Ele fez questão de deixar claro que as críticas não se aplicam aos demais tucanos, apenas a Marisa, que fala pelo partido. Para Jerson, não há motivos para o PSDB pressionar o governador em busca de sua posição na disputa pela sucessão presidencial. “Até onde eu tenho conhecimento, o Serra (governador de São Paulo José Serra) não procurou o André para tratar de aliança eleitoral”, ressaltou. Além disso, o parlamentar destacou que nem mesmo o governador de São Paulo confirmou que é candidato a presidente. “Por que, primeiro, não aguardamos o Serra fazer um anúncio verdadeiro de que é candidato?”, indagou. “A própria Marisa disse, em entrevista, que o Serra só vai confirmar sua candidatura após a desincompatibilização do cargo de governador”, reforçou. “Então, por que antecipar a discussão?” questionou. Apesar dos conflitos no relacionamento, Jerson ainda acredita na união de PSDB e PMDB nas próximas eleições, se os tucanos ficarem calmos e não agirem com precipitações. “O André vem rebatendo agressões dos petistas, consequentemente, tudo leva a crer que vai aliar-se aos tucanos”, explicou o deputado, sem afastar a hipótese de enfrentamento com o PSDB se não houver entendimento político. Mas, diante da insistência da senadora em forçar Puccinelli a definir o seu rumo na sucessão presidencial, Jerson volta a dizer que Marisa está agindo de maneira precipitada. Ele não gostou também do fato de a senadora já falar em temas que poderá adotar em sua campanha eleitoral. Segundo ele, Marisa afirmou, em entrevista, que o mote de sua campanha será o questionamento: “você está satisfeito com o que tem visto no Estado?”. Puccinelli procurou depois amenizar as críticas de Jerson sem perder a ironia. Ao ser questionado se também acha que Marisa está “criando dificuldades para vender facilidades”, ele afirmou: “oh my God (meu Deus!) Não acredito nisto”. “O perfil dela não é este. Ela é uma moça séria”, declarou. Mas deixou claro que não tem medo do desafio lançado pela senadora para enfrentá-la na sucessão estadual.