Somente o setor agrícola tem obtido bons resultados em um cenário de retração na indústria, no comércio e na prestação de serviços.
Aa alta do dólar, que em um primeiro momento traz reflexos negativos para o cenário econômico, como o aumento de preços de produtos importados ou fabricados no Brasil com componentes de outros países, passagens aéreas e outros ítens atrelados ao mercado externo, começa a demonstrar, já a partir do mês de julho, seu lado bom para alguns setores, como por exemplo, o do agronegócio, que por sua vez ajuda a balança comercial brasileira voltar a ter superávit.
O resultado já foi constatado pelo Sistema de Análise de Informações de Comércio Exterior via web do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC). Em julho, pela primeira vez no ano, houve aumento no volume de exportação no comparativo com os anos anteriores.
Em Mato Grosso do Sul, o incremento nas vendas para o mercado externo, como demonstra reportagem publicada na edição de ontem do Correio do Estado, foi de 10,7%. Foram US$ 546,7 milhões em produtos locais, a maioria commodities, como milho e soja, enviados para o exterior. No mesmo mês do ano passado, foram vendidos a outros países US$ 493,8 milhões.
A expectativa é que as exportações continuem em alta nos próximos meses, uma boa notícia em meio aos sucessivos dados negativos divulgados desde o início deste ano.
O ganho de competitividade das commodities agrícolas foi impulsionado pela alta do dólar, pois na bolsa de Chicago (EUA), referência para cotação de grãos, os preços continuam praticamente os mesmos do ano passado na moeda norte-americana.
O aumento das exportações também significa uma luz no fim do túnel para o cenário de pessimismo de crise econômica pelo qual o Brasil está passando. Em primeiro lugar, porque proporciona uma virada na balança comercial, ajudando nas exportações, e injetando capital externo na combalida economia.
Em segundo lugar, o saldo positivo das exportações também irriga um setor fundamental para a saúde econômica do Brasil e carro-chefe das atividades geradoras de emprego e renda em Mato Grosso do Sul: o agronegócio. Com mais recursos provenientes deste setor poderá haver um fôlego na cadeia que envolve não somente produtores rurais, mas também vendedores de insumos, trabalhadores do setor agrícola, e também máquinas, implementos e automóveis.
Em meio ao cenário de turbulência política, decisões desastradas no setor econômico, e redução de renda e emprego, a entrada de dólares nas exportações dá sustentação a um mantra utilizado frequentemente pelos produtores rurais: a de que o agronegócio sustenta o Brasil.
De fato, somente o setor agrícola tem obtido bons resultados em um cenário de retração na indústria, no comércio e na prestação de serviços. O bom desempenho nas vendas de grãos ao mercado externo deve ser lembrado e valorizado pelas autoridades, certamente está neste setor um dos caminhos para o fim da crise.