Sinônimo de local para fechar negócios de veículos usados com retorno rápido, principalmente naqueles momentos de grande aperto financeiro. É com esse diferencial que Campo Grande mantém ainda hoje, mesmo que sem o brilho de outrora e o endereço que a tornou reconhecida, a Pedra, tradicional feira informal de compra e venda de veículos da Capital.
“Fundada” na Avenida Afonso Pena, entre as ruas 13 de Maio e 14 de Julho — o ano, nem os vendedores autônomos mais antigos sabem ao certo, mas as primeiras transações teriam iniciado na região em meados da década de 60 e início da década de 70 —, o ponto de compra e venda de automóveis, caminhonetes, utilitários e outros modelos de veículos já mudou de endereço três vezes e hoje ocupa provisoriamente a plataforma desativada do terminal de ônibus urbano anexo à antiga estação rodoviária.
Presidente da Associação de Vendedores de Veículos Autônomos, Isidoro de Oliveira Cardoso, 66 anos, foi um dos profissionais a iniciar as atividades na Pedra ainda no endereço de origem. “Naquela época, se vendia Jeep, Rural, Maverick, Opala. Entre as caminhonetes, fazia sucesso entre os fazendeiros a C-10”, recorda-se.
Depois, prosseguiu, os vendedores tiveram que ser transferidos para outro ponto da avenida, abaixo da linha férrea, por determinação do prefeito da época (Levy Dias) , “porque a praça virou centro”. “Mas choveu e virou um barro só. Pegamos os carros todos e voltamos para o mesmo lugar.
O prefeito nos perguntou porque voltamos e nós dissemos: não tem condições para a gente ficar ali, sem um calçamento, sem as entradas para deixar os carros. Ficamos ali um mês, que foi o tempo para a Prefeitura fazer as obras do meio-fio, construir o calçamento e os bancos no outro ponto”, contou. A Pedra permaneceria no mesmo local até 2012, ano em que a feira foi removida da Afonso Pena por causa das obras de revitalização e remoção das vagas de estacionamento da via.
“Antigamente, vinha gente de Dourados, Corumbá, Três Lagoas, de toda parte, para vender carros em Campo Grande e o lugar para vendas era na Pedra. A média de vendas chegava a 10 carros por dia. Hoje, nem dá para dizer, é só para sobreviver”, comentou o presidente da associação de vendedores autônomos, reconhecendo que hoje o desafio é manter a Pedra “viva”.
Além de atrair a antiga clientela para o “novo” endereço, concorrendo com a crise econômica, o abandono do próprio prédio e a falta de segurança do entorno, os vendedores buscam viabilizar com o poder público municipal projeto de transferência para um local definitivo, dotado de infraestrutura. A associação de profissionais que atuam na Pedra conta com 176 associados, mas somente 40 permanecem resistindo no local. “Os demais ou foram para garagens, ou têm que ficar circulando pela cidade, para sobreviver”, concluiu.