Foi por meio do grêmio estudantil que o Colégio Estadual Campo-grandense, em 1969, promoveu a primeira peça de teatro da cidade, Dona Xêpa, e também festival de música, que revelou talentos, como o Grupo Acaba que, à época reunia amigos do Bairro Amambaí. O movimento era integrado por Maria Augusta Santos Rahe Pereira e Paulo Haidamus Monteiro, entre outros.
“O festival foi um sucesso. A gente esperava que o auditório do colégio ficasse vazio, mas tivemos que transferir o evento para fora de tanta gente, foi o máximo. O Grupo Acaba ganhou o festival e Edivaldo Bardella, que hoje é engenheiro em Fortaleza, ficou em 2º lugar”, relembra Maria Augusta.
Ainda em 1969, surgiu a peça de teatro chamada Dona Xêpa, outro sucesso. “A gente se apresentou no Glauce Rocha, no colégio, em Cuiabá, capital do Estado e em várias ocasiões fomos convidados. Era uma peça do Pedro Bloch, que relatava o cotidiano de amigos de uma vilinha. A Dona Xêpa era Beatriz Dobashi, eu era a Camila, amiga da Dona Xêpa, Edivaldo Bardella era o menino da vizinhança. O diretor era o professor Mongelli, ele a esposa faziam nossas maquiagens, nos envelheciam e cuidavam do figurino”, detalhou Maria Augusta, explicando que as apresentações ocorreram durante todo aquele ano. Também faziam parte do elenco Antonio João Hugo Rodrigues, Estalina Corsini, Maria Tereza Garritano, Sônia Maria de Medeiros, Marcos Maymone e Marly Taton Berg.
À época, a missão do movimento era integrar os alunos, mas o cenário mudou de configuração na universidade, quando ganhou um tom de rebeldia, de repúdio a ditadura militar. “Eu era presidente do diretório acadêmico do Centro de Ciências Biológicas da Universidade Federal daqui, então o nosso movimento, de 1974 a 76 era aliado a intelectualidade da época. Os centros acadêmicos só conseguiam se expressar por meio de algum partido e o MDB dava respaldo”, contou, revelando que diversas vezes foi à Polícia Federal por causa do diretório e do jornal acadêmico.