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Resposta Sobre conflito fundiário, bispo diz que solução está nas mãos do Governo Até ontem, nenhuma entidade ligada à igreja havia se manifestado 2 SET 2015 • POR CELSO BEJARANO • 10h35

O bispo diocesano de Dourados Dom Redovino Rizzardo disse que agora a única alternativa para conter a violência envolvendo fazendeiros e índios por domínios de terra está nas mãos do governo federal. Ele acha que os proprietários rurais que ocupam hoje terras tidas como territórios indígenas deveriam ser indenizados.

“A paz é fruto da justiça e a justiça deve ouvir os dois lados”, disse o líder dos católicos, esta manhã, por telefone, ao Correio do Estado.

Redovino, como é mais conhecido, escreveu uma mensagem acerca dos recentes conflitos, recado publicado em 20 mil exemplares que tem sido distribuídos em 17 cidades situadas ao sul de Mato Grosso do Sul.

“Ao longo dos quinze anos em que tenho a alegria de residir no Mato Grosso do Sul, foram inúmeras as vezes em que os Bispos do Estado nos manifestamos a respeito dessa questão. Fizemos uma proposta levantada por fazendeiros e indígenas, que nos parecia a única viável: a indenização justa das terras identificadas como indígenas pelo Governo Central, a fim de que também os índios – do jeito que seus costumes e sua cultura pedem – tirem seu sustento, assim como fazem os demais agricultores do Estado”, diz trecho da nota produzida pelo bispo.

Dom Redovino contraria a opinião dos fazendeiros que acusam o Conselho Indigenista Missionário, o CIMI, de estimular as invasões. “Pensar assim é o mesmo que desconhecer a inteligência dos índios, afinal são os seus líderes que definem se vão ou não ocupar as terras, não o Cimi. O Cimi apenas conscientiza os índios sobre os seus direitos, assim como a Federação dos Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), também cuidam dos interesses dos produtores rurais”, opinou Redovino. 

O bispo pondera ainda sobre as invasões promovidas pelos índios. “Quanto aos meus irmãos indígenas – sei que não tenho autoridade para lhes falar e orientar, pois a maioria deles não participa de nossa Igreja –, eu me solidarizo com suas dores, seus problemas e sua exclusão, que os faz vítimas de humilhações e de preconceitos”, diz o presbítero.

Segue a interpretação do líder católico: “mas, já que a corda tende a rebentar sempre do lado mais fraco, pergunto se as “retomadas” não devam ser vistas como medidas extremas, depois de esgotados todos os demais recursos?!

No final do comunicado o bispo diz torcer pelo fim dos conflitos e diz que os envolvidos na questão buscam a paz por meio da justiça. “Para terminar, agradeço aos produtores rurais católicos que, diante dos fatos dolorosos que nos entristecem quase diariamente, não ficam de braços cruzados, e recorrem aos meios legais para encontrar uma solução justa e pacífica para todos: para vocês e para seus irmãos, índios”.