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Apuração Coleta independente pode transformar aterro da Capital em lixão; prefeitura vai fiscalizar Agência de Regulação informou que irá fiscalizar se lixo está sendo tratado 17 SET 2015 • POR ALINY MARY DIAS, KLEBER CLAJUS E RODOLFO CÉSAR • 10h56

O desespero de muitos moradores e empresários de Campo Grande para se livrar do lixo acumulado nas ruas há 9 dias tem levado muita gente a recolher os resíduos e levá-los por conta próprio ao aterro sanitário da Capital. O problema agora são os impactos que podem ser causados ao meio ambiente em razão da forma como o lixo está sendo depositado no aterro, que já pode ter se transformado novamente em um lixão.

Na manhã desta quinta-feira (17), a reportagem esteve em frente ao aterro sanitário e flagrou uma longa fila de carros, caminhões e caminhonetes particulares e de empresas a espera da vez para depositar o lixo. A espera na fila era de pelo menos 1 hora.

Três funcionários da Secretaria Municipal de Infraestrutura, Transporte e Habitação (Seinthra) e até a Guarda Municipal controlam o acesso ao aterro. Antes de os carros seguirem por uma estrada até o local onde o lixo é jogado, todo o resíduo é pesado.

Nenhum funcionário informou a nossa equipe se o lixo está passando pelo tratamento correto e se, principalmente, camadas de terra estão sendo depositadas sobre os resíduos. Informações apuradas pela reportagem indicam que os resíduos não estariam passando por uma área chamada de célula, onde tudo é separado e tratado.

Diante da situação, o Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul) afirmou que se o lixo não estiver sendo tratado, o dano ambiental é grande.

À reportagem, a diretora da Agência de Regulação dos Serviços Públicos Delegados de Campo Grande (Agereg), Ritva Vieira, afirmou que fiscalização será feita no aterro para constatar se o lixo está passando por tratamento adequado.

Aposentado morador do bairro Aero Rancho encheu o carro de lixo e levou para o aterro

CONTA PRÓPRIA

O pastor Ageu dos Anjos, de 43 anos, era um dos motoristas que aguardavam na fila para depositar o lixo por conta própria no aterro. Com uma Kombi lotada de sacos com resíduos, o pastor afirma que percorreu ruas do bairro Piratininga coletando o lixo em agradecimento aos moradores que fazem doações para a igreja.

“É um serviço social que a igreja faz, agora, em troca das doações estamos trazendo o lixo para o aterro”, disse.

Outro que também recolheu o lixo de casa foi o aposentado Manoel Batista Silva, de 68 anos. Ele mora no bairro Aero Rancho e decidiu levar os sacos de forma independente depois que outros moradores começaram a cobrar R$ 10 para recolher o lixo dos vizinhos.

“Eu não vou pagar R$ 10 para trazer o lixo”, disse. Todo os sacos com resíduos foram colocados no porta-malas do Volkswagen Gol do aposentado,

Além de carros de passeio, muitos caminhões e caminhonetes de empresa estão levando o lixo para o aterro. Nesta manhã, caminhões da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e até a Base Aérea foram até o aterro.