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CONFUSÃO Cliente reclama de cobrança em duplicidade e acaba preso por PM à paisana Caso aconteceu em um posto de combustíveis no bairro Coronel Antonino 22 SET 2015 • POR MARESSA MENDONÇA • 18h14

Um produtor rural, e 32 anos, acabou detido na manhã de segunda-feira (21) depois de reclamar da cobrança feita em duplicidade por um posto de combustíveis localizado na avenida Consul Assaf Trad no bairro Coronel Antônino em Campo Grande. Isso porque enquanto aguardava o problema ser resolvido, ele começou a gravar um vídeo, com a intenção de “provar” o tempo de espera até a questão ser resolvida. Um policial militar à paisana chegou ao posto e quando percebeu que estava sendo filmado jogou o celular no chão. Na delegacia, o PM contou ter sido ameaçado. Depois de assinar um termo, o homem acabou liberado.

À reportagem do Portal Correio do Estado, Rafael Arantes Bispo disse ter abastecido R$ 85,57 por volta das 6h30min da segunda, realizando o pagamento com cartão de débito. A frentista informou que o débito não havia sido realizado e ele digitou a senha novamente. Pelo aplicativo do banco no celular, Arantes percebeu o débito em duplicidade e chamou a funcionária.

Segundo ele, a mulher se recusou a olhar o celular dele e orientou que aguardasse pela chegada do gerente até às 8h. Inconformado, o produtor rural se recusou a tirar o veículo da frente da bomba de abastecimento e passou a gravar o vídeo. Pelas imagens é possível ver quando o PM, Alberto Fabiano de Arruda aparece no local à paisana. Arantes pensou se tratar do gerente do posto e questionou “você veio para resolver meu caso?”

Sem se identificar como PM, Alberto perguntou o que havia acontecido. “Debitou duas vezes no meu cartão, estou aqui há mais de uma hora e o atendente disse que iria jogar combustível no meu pé se não saísse da frente dele”, relatou o produtor rural. O militar respondeu que ele não podia impedir o frentista de trabalhar e o homem disse que também estava se dirigindo ao trabalho.

Nesse momento, é possível ver pelas imagens quando o PM pergunta “autorizei você a filmar? Estou autorizando você a filmar?” e dá um tapa no celular de Arantes.

O produtor rural disse ter sido agredido com um soco no rosto e teve uma arma apontada na cabeça, mas essas imagens não foram gravadas. Ele disse ainda que pediu para chamarem a polícia. “Ele respondeu: 'eu sou a polícia'. Você está preso por desacato”.

Quando os outros militares chegaram, o homem foi algemado e levado para a Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário (Depac) do centro, onde o caso foi registrado. “Os outros policiais que chegaram foram cordiais”, disse ele, ressaltando ter sido algemado. Segundo ele, apenas o militar envolvido na ocorrência e o frentista prestaram depoimento na delegacia.

A versão do boletim de ocorrência é diferente da contada pelo produtor rural. Conforme o registro, o frentista foi empurrado e o policial foi ameaçado. Segundo o PM, Arantes teria dito “Você, seu 'policinha' pensa que sou pé de chinelo, só porque estava de golzinho lá no posto, mas eu tenho uma caminhonete Hilux, sou fazendeiro e influente. Conheço gente importante". 

Arantes nega essa declaração e afirma ter dito apenas que "a agressão não ficaria impune"

A assessoria de comunicação da PM confirmou que Alberto Fabiano de Arruda é policial militar e disse ter tido acesso ao vídeo, mas não informou o que se algum procedimento administrativo será instaurado porque, por enquanto, não há uma reclamação oficial.