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tecnologia Criadores de conteúdo on-line buscam alternativas para faturar "Os anunciantes não pensam em pequenos e médios canais" 23 SET 2015 • POR folhapress • 17h00

Ganhar dinheiro na internet é hoje o sonho de muitos jovens, principalmente no YouTube, após histórias de sucesso como a de Pedro Afonso Rezende, 19, que possui mais de 1 bilhão de visualizações em seu canal sobre games. Ele fatura atualmente R$ 1 milhão por ano com os vídeos.

Felipe Castanhari, 25, tem 4,3 milhões de inscritos em seu "Canal Nostalgia". O jovem encara com normalidade a febre atual de quem busca faturar com o site de vídeos. "É como uma profissão. Tem gente que quer ser médico, tem gente que quer ser youtuber", diz.

A chamada monetização (forma de ganhar dinheiro) foi tema de uma das palestras do youPIX CON, que acontece nesta quarta-feira (23) em São Paulo, e debate produção de conteúdo digital. Na mesa, havia representantes dos dois lados da moeda: dos produtores e dos publicitários.

Na avaliação dos palestrantes, a publicidade no Brasil ainda está engatinhando frente a outros mercados como o dos Estados Unidos. "Por aqui falam 'estamos estudando a inserção no mercado', enquanto lá fora já estudaram e estão inseridas na produção digital", avalia Caio Teixeira, cofundador do site de games Overloadr.

E isso dificulta o crescimento dos criadores digitais. Principalmente porque há menos dinheiro disponível para investir em conteúdo. "Os anunciantes não pensam em pequenos e médios canais.É sempre aquela história 'talvez sobre algum dinheiro, hoje eu não tenho dinheiro'. Isso em marcas que ganham milhões", diz Teixeira.

Mas é raro que toda a renda de webcelebridades venha apenas de publicidade: muitas vendem produtos personalizados de sua marca.

Christian Figueiredo, do canal "Eu Fico Loko", com 3,3 milhões de inscritos, lançou este mês o seu segundo livro, o "Eu Fico Loko 2". O mesmo caminho segue Kéfera, do canal "5inco Minutos", com 5,8 milhões de pessoas inscritas, que lançou o livro "Muito mais que 5inco Minutos" e tem a sua loja oficial. O comércio eletrônico já corresponde à metade do negócio de Alexandre Ottoni, o Jovem Nerd.

Diretor criativo da agência África, Eco Moliterno deu alguns conselhos aos criadores de conteúdo durante a palestra: "Criem algo que uma marca grande não faria, por ser mais engessada. Vocês têm uma liberdade que elas não têm. É preciso dar um passo para trás, para dar cem passos para a frente."

Para Daniel Conti, sócio da Vice, uma maneira de aumentar a receita publicitária é ampliar o posicionamento da sua marca frente ao público. "Quem dá as cartas hoje é o conteúdo, é o consumidor final. O que a audiência pede é o que a marca tem que trabalhar."

E o êxito desse trabalho não deve mais ser medido apenas considerando as métricas, segundo Conti. "Às vezes, a métrica não traz o verdadeiro resultado. Hoje vale mais o retorno qualitativo, quando construímos um conteúdo com engajamento."