Liberdade e paz são dois valores dos mais cobiçados pelo ser humano. Nesse feriado prolongado, em que celebramos a festa da Padroeira do Brasil e das crianças, haveria uma janela aberta para celebrar a liberdade do pensamento e a paz de espírito. Mas, diante das dificuldades financeiras, muitos aproveitam para algumas tarefas domésticas, ou alguma outra atividade em benefício da renda familiar.
Esquecem o descanso. Esquecem o lazer. Esquecem o cultivo de uma boa leitura, ou uma oportunidade em admirar e contemplar uma paisagem, ou outros cenários que encantem o espírito. Esquecem de organizar um tempo para uma oração em família, ou uma contemplação pessoal. Esquecem Deus.
As preocupações pesam mais do que esses valores. Os ombros andam pesados, em decorrência de tantas tensões, tantos medos e tantas inseguranças. Difícil será desfazer-se disso. Essas realidades são amargas e difíceis, são pesadas e indesejáveis. Nem todos conseguem controlar e superar.
E, para poder celebrar a liberdade e a paz, será necessário desprender-se de certos apegos, de certos interesses e de certos projetos pessoais. Não basta querer ou desejar ser livre. Não basta sonhar com a paz.
É preciso força de vontade no controle dos instintos. É preciso coragem em abandonar certos caprichos e priorizar valores que alimentem o espírito e fortaleçam a alma. É preciso escolher e cultivar virtudes que engrandeçam a dignidade e a honra. Não é sorte. É luta consciente.
Um jovem andava angustiado, em meio a tantos anseios e a tantas dúvidas que perturbavam sua mente. Um dia, encontrou em seu caminho o Mestre dos mestres e resolveu fazer uma pergunta: “Bom, Mestre, que devo fazer para herdar a vida eterna?”. O Mestre explicou que seria necessário apenas viver de acordo com o que se encontra nos Dez Mandamentos.
Mas o jovem não teria ficado satisfeito com isso, pois já vivia de acordo com essas leis. Queria algo mais profundo e mais convincente. Foi então que o Mestre lhe disse: “Vai, vende tudo o que tens e dá aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me”
(Mc. 10, 17-27).
Ao ouvir isso, o jovem afastou-se cheio de tristeza, pois possuía muitos bens. Surgiu a dúvida, sentiu-se invadido pelo orgulho e não foi capaz de tomar uma decisão radical. Muitos homens e mulheres sentem em seu íntimo o desejo forte de realizar algo pelos pobres, ou pelos doentes.
Mas é difícil desfazer-se do comodismo e dispor de tempo e dedicação.
Muitos são os que desejam realizar algo de valor. Uns até começam entusiasmados. Mas, ao surgirem dificuldades, cansam e desistem. Falta-lhes a fé corajosa e criativa. Falta-lhes personalidade e vigor. Querem ajudar. Porém, permanecem distantes e acomodados.
A paz continuará sendo um sonho, enquanto os corações não decidirem se abrir para acolher e socorrer tantos que estão em busca de vida e de felicidade.
A liberdade continuará sendo um desafio, enquanto pessoas permanecerem prezas ao comodismo, às justificativas e às desculpas.