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Terceira idade A hora de parar A hora de parar 19 MAR 2010 • POR • 04h20

Reflexos mais lentos, dificuldade na visão, na audição e falta de atenção. Essas são algumas das limitações que chegam com a idade, em maior ou menor intensidade, dependendo do organismo de cada pessoa, gostemos disso ou não. As mudanças no organismo impõem algumas restrições em atividades que exigem mais cuidados, entre elas a condução de veículos automotores. O próprio Departamento Estadual de Trânsito – Detran determina que a partir dos 65 anos os exames para renovação da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) sejam feitos de três em três anos. Para quem tem menos idade, o intervalo é de cinco anos. “Só a idade avançada não é motivo para deixar o volante. Não é impedimento para que o indivíduo continue exercendo sua autonomia e independência com seu veículo. É preciso avaliar a condição física e mental de cada pessoa”, explica Ronilda Maria de Resende – coordenadora de desenvolvimento profissional do SEST/SENAT – Serviço Social do Transporte/Serviço Nacional de Aprendizado no Transporte. Então, como perceber qual é a hora exata de parar? De acordo com Ronilda de Resende, a família tem papel fundamental na tomada dessa decisão. “Não se pode fugir da responsabilidade em alertar quem esta correndo risco e submetendo terceiros a situações de perigo no trânsito”, afirma. A maioria dos especialistas em trânsito e condução segura dizem que não existe idade preestabelecida para deixar de dirigir. O que deve ser observado é que o motorista deve estar em boas condições físicas e mentais. E essa recomendação não é apenas para as pessoas acima de 65 anos. Todos devem estar atentos a isso. Entre as causas mais comuns que afastam os condutores da terceira idade da direção estão as doenças cognitivas, como o Alzheimer que leva à perda da capacidade de atenção e de julgamento, demências e as doenças físicas que afetam a visão, audição, além de problemas motores. Mais seguros Mesmo com todos esses indicativos, os motoristas mais velhos são os que menos se envolvem em acidentes. De acordo com dados do Departamento Nacional de Trânsito – Denatran, no Brasil, existem em média 4,5 milhões de condutores acima de 61 anos, representando 10% do total. Mas, apenas 4% desses motoristas acabam se envolvendo em acidente de trânsito com vítimas. Prestes a completar 70 anos, Edvaldo Cruz, militar aposentado, é um exemplo de segurança ao volante. Com 51 anos de habilitação, sofreu apenas um acidente. “Eu tinha uns 30 anos e dirigia bem mais rápido que hoje. Numa viagem para São Paulo, acabei dormindo ao volante e acordei com o carro saindo da estrada. Minha sorte é que fui parar numa plantação a beira da rodovia e ninguém se machucou. Hoje, ando com muito mais tranqüilidade, respeitando mais os limites do carro e os meus. Evito dirigir a noite e em lugares e horários muito movimentados”, ensina Edvaldo Cruz. Lupe de Deus Lopes, 60, vendedora, ocupa o lugar de motorista da família há trinta anos. Ela é cuidadosa e faz exames de saúde pelo menos uma vez por ano. “Adoro viajar e sou bem prudente no trânsito. Atualmente, os jovens cometem mais infrações que os idosos, são mais apressados e vivem falando ao celular enquanto dirigem”, comenta. Dicas A coordenadora do SEST/SENAT aconselha os motoristas, independente de sua idade, que dirijam com mais segurança e tranquilidade. “Procure dirigir nas horas do dia com maior luminosidade e em horários alternativos, quando o trânsito é mais tranquilo. Isso vale também para as estradas, que ficam mais perigosas na época de férias e nos feriados prolongados. O motorista deve ter ainda bom senso e autocrítica para saber a hora de parar. Quando seus reflexos estiverem mais lentos e seus movimentos limitados, aí é hora de pensar em pendurar as chaves. A família é fundamental nesse processo e precisa apoiar essa pessoa para que ela não se sinta excluída”, finaliza Ronilda de Resende.