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O "fenômeno" Dilma O "fenômeno" Dilma 20 MAR 2010 • POR RUBEN FIGUEIRÓ DE OLIVEIRA • 02h54

Se você, caro (a) leitor (a), possui a natural curiosidade de conhecer o real significado das palavras e suas etimologias, vai encontrar para a expressão fenômeno uma série de significados que cabem dentro dela. Do dicionário de Antônio Houaiss, arranquei a justificativa para a epígrafe deste escrito. Fenômeno pode se traduzir também: “apreensão ilusória de um objeto, captado pela sensibilidade ou também reconhecido de maneira irrefletida pela consciência imediata, ambas incapazes de alcançar intelectualmente a sua essência”. Trocando em miúdos, fenômeno também pode ser o que não existe, a não ser em imaginações férteis, como a do senhor Luiz Inácio Lula da Silva. Aliás, imitando hábil prestidigitador, o presidente tem saído a campo fora por esse País imenso e, sob o manto de um prestígio irrefletido, enquanto “Braz é o tesoureiro”, em outras palavras, despesas promocionais da presidência da República, por questões de “segurança nacional”, não podem ser reveladas. Daí event u a i s a busos, apresent a ndo su a preferida para sucedê-lo, classificando-a como fenômeno no atual quadro (esquálido, por sinal) da política nacional. Incrível, e tem vendido o peixe, aí estão as recentes pesquisas para testemunhar. Enquanto a senhora Dilma, o “fenômeno”, não encont ra pa rcei ro à a ltu ra pa ra contracenar, vai flanando no palco aos olhos desconfiados dos eleitores, mas será? Alguns destes, porém, experimentados na vida pública, vêem com justificada preocupação tais gestos de cena da candidata intitulada mãe do PAC, aliás plano idêntico ao doril: anunciou, tomou e ninguém ainda sentiu o resultado... Dentre aqueles que procuram alertar a opinião pública brasileira para o ilusório “fenômeno Dilma”, está o embaixador aposentado Rubens Barbosa, figura das mais influentes na intelectualidade econômica do país, agudo observador do cenário político, não só daqui como em todo o mundo. Pois bem, não faz muito, escreveu ele na segunda página do ESTADÃO, percuciente artigo sobre “o papel do Estado na sociedade brasileira”, do qual me permito destacar alguns trechos. Diz o embaixador: “Na América do Sul, o fortalecimento do Estado ocorre na Venezuela, na Bolívia, no Equador e, em menor grau, na Argentina, com os conhecidos resultados de queda da eficiência da economia, de arranhões à democracia e de crescentes custos sociais. No Brasil, assistimos ao mesmo fenômeno. O governo Lula ampliou a participação do Estado com medidas intervencionistas e de estímulo para a superação da crise econômica de 2009. Ao contrário do pragmatismo norte-americano ( o presidente Obama por necessidade, para evitar a falência econômica do país, socorreu seu sistema financeiro na emergência, voltando o Estado à sua tradicional postura não intervencionista - o parênteses é meu ) no entanto o que se vê no Brasil é a retomada da ideologia do nacional desenvolvimentismo de forma radical. O 3º Plano Nacional de Direitos Humanos, com mais de 500 medidas afetando muitos aspectos da vida econômica e política do país... tentativa de maior controle sobre os meios de comunicações são provas dessa nova atitude.” Aí está o quadro do panorama futuro para a administração federal que se pretende, a partir do lulismo. Para tanto, aí está o velho PT: jurássico de ideias, mas com fôlego redobrado com a perspectiva de fazer uma “Grande transformação” ( programa aprovado em seu recente Congresso Naciona l), instrumento político de base para um pretenso governo da senhora Dilma Rousseff, voltando os dois – o partido e a antiga guerrilheira – aos sonhos da juventude e que poderão concretizar-se. Isto se o eleitorado atento não considerar a preferida de Luiz Inácio, apenas um “fenômeno” ilusório...