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CONFLITO POR TERRA Treze anos depois, palco de tragédia vira cenário de conflito Na fazenda Brasília do Sul, clima ficou tenso e indígenas denunciam ameaças 19 JAN 2016 • POR GABRIEL MAYMONE • 18h00

A Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados retorna, nesta quarta-feira (20) a Mato Grosso do Sul, depois que situação entre índios e fazendeiros ficou tensa, na fazenda Brasília do Sul, em Juti (MS) – município distante 311 km de Campo Grande.

De acordo com o Presidente do colegiado, deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS), a comitiva chega na manhã desta quarta-feira (20) na área dos ataques contra indígenas.

No último final de semana, indígenas Guarani-Kaiowá, da TI Taquara, denunciaram que foram ameaçados de morte por “homens armados”, que teriam ligação com os proprietários da fazenda Brasília do Sul, que está localizada dentro de área indígena declarada.

Há 13 anos, esse mesmo território foi palco de uma tragédia. Em janeiro de 2003, o cacique Marcos Verón, com 72 anos, foi assassinado. Na época, o Ministério Público Federal denunciou 28 pessoas pelo crime, entre eles, Jacinto Onório da Silva, proprietário da Fazenda Brasília do Sul, como mandante do assassinato.

A última vez que a comissão esteve no Estado foi em setembro do ano passado, quando indígenas do Tekohá Guyra Kamby'i, no município de Douradina, foram atacados por grandes proprietários de terra, e o indígena Semião Vilhalva, do Tekohá Ñande Ru Marangatu, foi assassinado em terras indígenas no município de Antônio João. No Estado, existem mais de 30 áreas em conflito.

Também em 2015, o deputado Pimenta e o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo vieram a MSse reunir com lideranças do Poder Executivo estadual na tentativa de estabelecer um acordo entre indígenas e ruralistas. Dados do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) revelam que, nos últimos 11 anos, mais da metade dos assassinatos de indígenas no país ocorreram no Mato Grosso do Sul.