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O grande projeto O grande projeto 23 MAR 2010 • POR • 08h05

Há anos fala-se, e muito, na revitalização do centro de Campo Grande, um projeto orçado em impressionantes R$ 318 milhões. Dinheiro para isso, porém, não existe. De mais concreto, somente a promessa de verbas federais e empréstimo internacional. Enquanto isso, gasta-se tempo e dinheiro elaborando projetos mirabolantes. Quase tudo fica à espera da grandiosa intervenção. Nem mesmo a reforma e liberação de um simples banheiro público no centro da cidade é possível. A chamada onda verde no sistema de semáforos, que durante mais de dois anos passou por processo de sucateamento no aguardo desta megarrevitalização, chegou a ser implantada no ano passado, mas aos poucos está deixando de funcionar e os motoristas voltam a enfrentar a situação anterior, com a diferença de que agora o tempo de espera no sinal vermelho em determinados cruzamentos está bem maior que antes. Pelo menos o asfalto das principais vias centrais será recapeado neste ano, anunciou o prefeito no final de 2009, indicando que isto não dependeria do “grande projeto”. Porém, o período de estiagem está chegando e nada mais se falou a respeito. O dinheiro, em torno de R$ 8 milhões, do “prefeito” Lula, ainda não está garantido. E, não é somente a intervenção no centro que patina. As obras iniciadas também andam a passos lentos. O terminal intermodal, o aterro sanitário, as obras contra enchentes no Rio Anhanduizinho e o complexo Imbirussu-Serradinho falam por si. A enxurrada já destruiu aquilo que estava concluído e na outra ponta os trabalhos ainda estavam longe do fim, e também já ruíram. Projetos mais recentes, como nas margens dos córregos Cabaça e Segredo também andam a passos de tartaruga. E, não se trata simplesmente de uma questão de demora, é um problema econômico, pois qualquer empreendimento acaba saindo bem mais caro por conta das constantes paralisações. A infinidade de vezes em que a água destruiu os trabalhos inacabados no Anhanduizinho não deixa dúvidas com relação a isso. O intrigante, nisso tudo, é que tanto a revitalização do centro (o grande projeto) quanto as outras obras que não conseguem chegar ao fim, dependem de recursos “externos”. Em 9 de março de 2008 surgiu enorme cratera próximo ao Hospital São Julião. Apesar da ajuda federal, ela completou seu segundo aniversário e até agora a via de acesso ao hospital não foi completamente reconstituída. Agora, para refazer a Rua Ceará e a Avenida Ricardo Brandão, mais uma vez apela-se aos recursos federais, os quais normalmente demoram a chegar e que acabam recebendo a “culpa” pela lentidão dos trabalhos. Horas antes de o temporal de 27 de fevereiro deste ano detonar parte da cidade, a administração municipal anunciava, orgulhosamente, que o IPTU deste ano já havia rendido mais de R$ 50 milhões e que quantia semelhante entraria ao longo do ano, já que a adimplência havia atingido nível impressionante, acima de 83%. Além disso, a economia está recuperando o vigor de 2008, o que significa que os repasses de ICMS e do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) também estão “bombando”. Se a economia vai bem, a arrecadação de Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN) também está a todo vapor. Diante disto surge um questionamento inadiável: o que está sendo feito com o dinheiro da arrecadação municipal?