A morte do narcotraficante Jorge Rafaat Toumani, na quinta-feira (15) em Pedro Juan Caballero no Paraguai, pode ter sido arquitetada pela facção criminosa Primeiro Comando da Capital, conforme avalia o juiz Odilon de Oliveira da 3ª Vara Federal de Campo Grande. Isto porque o monopólio - quando um único grupo explora determinada atividade - do tráfico de drogas e armas na localidade é “reivindicado” pelo PCC.
“Rafaat era rival do PCC. Tenho quase certeza que foi o PCC que o eliminou, pelos antecedentes, pelo passado”, opinou o juiz. Ele também atribui o crime a esta facção “pela estrutura” usada no atentado.
Essa rivalidade, claro, está relacionada ao controle do tráfico na região. “O PCC não quer ver ninguém do Paraguai porque é terreno fértil para eles, tanto de drogas quanto de armas”, completou Odilon.
“Penso com base na convivência com essa realidade que tive como juiz na área de fronteira, pela intenção, que esse conluio deve ter sido esta facção”.
Em entrevista à imprensa local, o promotor de Justiça do Paraguai Justiniano Cardozo pontuou que o assassino de Rafaat está internado e seria um membro do Comando Vermelho. Ele também chegou a cogitar ligação do crime com o PCC, mas depois relacionou ao outro grupo criminoso.
Fato é que tanto autoridades do Brasil quanto do Paraguai atribuem o crime à facções criminosas brasileiras.
O ATENTADO
Mais de 200 tiros de armamento militar .50 foram disparados contra o carro de Jorge Rafaat Toumani em outro veículo, onde estariam seguranças, na noite de quinta-feira (15), em Pedro Juan Cabalero, na fronteira com Ponta Porã. Balas perfuraram o parabrisa e atingiram Rafaat, que conduzia o veículo.
CONSEQUÊNCIAS
O magistrado explicou que enquanto existir droga e arma, outros confrontos como este vão acontecer na região. “Agora todo mundo vai se acalmar, mas infelizmente, isso vai se repetir porque o que se procura é droga”, declarou Odilon, pontuando ser difícil traçar com exatidão as consequências desta morte para o crime organizado.
RAFAAT NO TRIBUNAL
Em abril de 2014, juiz federal Odilon de Oliveira condenou Rafaat a penas que somam 47 anos de prisão em regime fechado e pagamento de multa no valor de R$ 403,8 mil. Ele foi apontado como líder de organização criminosa que atuava no narcotráfico na fronteira.
De acordo com o juiz, a organização dele atuava no Brasil, Paraguai e também na Colômbia.
MEDIDAS DE SEGURANÇA
O juiz opina que medidas urgentes precisam ser tomadas para reduzir esse clima de insegurança nas fronteiras como: escalar o Exército Brasileiro para atuar, aumentar o efetivo de policiais federais nestes locais, melhorar o armamento dos agentes.
“Governo Federal tem que tomar uma atitude porque a luta contra o tráfico de drogas é interesse comum. Tem que conversar com o Paraguai, criar políticas sociais na fronteira”, disse.
Segundo Odilon, “apenas uns 30 policiais federais atuam em Ponta Porã, quando o ideal seria, no mínimo, 80”. O pagamento da indenização de fronteira também deveria ser reajustado, na visão do juiz federal, fazendo com o salário de agentes que atuam nessas regiões fosse 30% a mais que dos outros.
“E não há o que se discutir sobre a superioridade do armamento dos traficantes em relação ao dos policiais que não tem fartamente fuzis, não tem fartamente munições. Tem que armar, tem que estruturar a fronteira!”, declarou Odilon. “A droga mata muita gente no Brasil, só que aqui é a longo prazo, é o usuário”, finalizou.