Em três dias, dois latrocínios aconteceram em Campo Grande. Depois do roubo a um bar, no Bairro Cidade Morena, com o assassinato de um comerciante, outra morte ocorreu na madrugada de ontem, na região central da cidade, mais precisamente na Travessa Bocage, quase esquina com a Rua 14 de Julho (próximo à Feira Central). A vítima é Francklin Yashuyro Shinzato, 78 anos. Aposentado como servidor público, Shinzato morava sozinho na casa onde foi encontrado morto. Não havia sinais de arrombamento. Ele foi atingido com golpes de uma garrafa de champanhe cheia, e também com um liquidificador. Segundo policiais militares que atenderam à ocorrência, ambos os objetos foram encontrados ao lado do corpo, bastante sujos de sangue. Os golpes foram desferidos só na cabeça. Veículo O assassino fugiu com a Belina placas HRI-1684, Campo Grande, localizada ontem mesmo por volta das 11h, cerca de uma hora depois que os policiais passaram rádio para as viaturas informando as placas do veículo roubado. Ainda foram subtraídos da casa, onde os móveis estavam revirados, um aparelho de televisão de plasma e outro comum, mais um aparelho de DVD. Uma fu ncioná ria que trabalhava na residência de Shinzato todas as manhãs, de segunda a sábado, foi quem primeiro desconfiou de que havia algo de errado com o patrão. “Chamei por ele para abrir o portão (como era habitual), mas ele não atendeu. Entrei pelo portão (que estava aberto) e comecei a bater à porta, mas ele não abriu. Como estava tudo fechado, não dava para ver o que estava acontecendo no interior da casa. Foi aí que desconfiei que havia algo errado com o patrão e chamei os familiares e a polícia”, relatou a empregada, que não quis se identificar. A funcionária ainda informou que, na segunda-feira, um rapaz chamado Paulo, de cerca de 22 anos, cor morena (descendência indígena ou paraguaia), cabelo preto, baixo e magro, procurou seu patrão logo de manhã e não foi atendido. “Ele pediu para eu falar para o moço para voltar depois, à tarde”, disse. Como a funcionária só trabalha pela manhã na casa, não soube informar se o encontro realmente aconteceu. “Ele falava pouco sobre as pessoas que vinham aqui. Às vezes, ele trazia rapazes para fazer serviços aqui na casa, para arrumar um encanamento, podar o mato. Mas eu não tinha contato com eles”, comentou. Ameaça De acordo com familiares, em dezembro Shinzato teve de ser levado às pressas para o pronto-socorro por conta de uma surra que levou de um rapaz, que lhe roubou d i n heiro. Naquele d ia, o aposentado teve muitos ferimentos na cabeça, atingida com um pedaço de pau. “Ele disse que o criminoso pediu senha de sua conta no banco, talão de cheques e cartão de crédito e ainda ameaçou que se a senha não estivesse correta, voltaria para matálo. Deve ter sido esse o motivo do crime”, constatava, ontem, Rosário Oshiro, 80 anos, irmã do aposentado. “Mas ele não se sentia ameaçado. Se estava com medo de alguma coisa acontecer, não demonstrava”, continuou. A irmã ainda relatou que o irmão costumava ajudar as pessoas. “Era sozinho, só criava cachorros aqui na casa dele, e tinha a mania de ajudar os outros sem perceber o perigo que estas podiam oferecer. Esses dias ele até deu carona para uma pessoa que estava no Cetremi (Centro de Triagem e Encaminhamento do Migrante)”, continuou. O corpo de Shinzato foi encaminhado para o Instituto de Medicina e Odontologia- Legal (Imol). Até o final da tarde, a polícia não tinha a identificação de suspeitos do crime. As investigações prosseguem.