Logo Correio do Estado

NOVIDADE Passear com cães vira profissão que atende até peixe e pintinhos Preços para cuidar dos animais variam de R$ 40 a R$ 400 17 DEZ 2016 • POR VALQUÍRIA ORIQUI • 11h00

Quem tem animal de estimação costuma dizer que o trabalho e a despesa com os pets são parecidos com os de quem tem filhos. A diferença é que, muitas vezes, o dono viaja e não tem lugar ou gente para deixar o bichinho. E é aí que surge no mercado uma novidade: os dog walkers e pet sitters, ou passeadores de cães.

Gatos, cachorros, peixes, pintinhos, tartarugas e até plantas estão inclusos nos itens a serem cuidados na ausência do dono, que vai viajar e não tem a quem recorrer. Pensando nisso, há cinco anos Luzia Vianna e o marido, Carlos Henrique Vianna, ambos de 35 anos, abriram em Campo Grande a empresa WalkDog CG.

Antes da abertura do novo empreendimento, Carlos era gerente de restaurante e Luzia trabalhava no setor de banho e tosa de uma clínica veterinária. Da vontade de montarem algo próprio e trabalharem juntos, surgiu a empresa.

“Ele sempre pensava em algo para montarmos, mas sempre ia para o lado alimentício, e eu fugia, não queria mexer com isso. Até que um dia, enquanto ele me esperava na saída do meu serviço, uma amiga perguntou a ele porque não passeava com os cães. E ele ficou com essa ideia na cabeça”, contou Luzia ao Portal Correio do Estado.

Há cinco anos, passeadora de cães ganha a vida cuidando dos animais dos outros 

​Ao pesquisar mais sobre o assunto na internet, Carlos descobriu em São Paulo curso específico para passeadores de cães. “Ele viu em São Paulo que uma empresa especializada no assunto dava curso, e foi fazer. Mas quando ele voltou apenas eu comecei a trabalhar na área, ele ainda continuou no restaurante porque como a clientela ainda era pouca, tínhamos que ter outra renda”, destacou Luzia.

Com o passar do tempo a procura pelos serviços foi aumentando e Carlos saiu do emprego para trabalhar com a esposa. “Consegui os primeiros clientes lá dentro da clínica onde eu trabalhava e comecei a fazer os primeiros passeios. Hoje, nossa agenda para passeios fixos já está cheia. Pensamos em contratar alguém para nos ajudar, mas dá medo, é muita responsabilidade trabalhar com isso, a pessoa tem que amar mesmo, pois você tá colocando uma vida nas mãos daquela pessoa. É como se os animais fossem filhos. Quando os donos viajam cuidamos como se fossem nossos”.

Carlos Henrique largou emprego no restaurante para ajudar esposa a passear com cães

O SERVIÇO

​São dois tipos de serviços oferecidos pelos passeadores de cães: o pet sitter e o dog walker. O primeiro consiste em cuidar dos animais quando os donos viajam e o segundo em passear e cuidar no dia a dia. Em ambos os casos o casal vai até a residência do cliente. Cada passeio dura em torno de meia hora. No caminho é oferecido água e as caminhadas são feitas no começo ou no final do dia, quando não tem mais sol.

“A rotina inicia de manhã, pelos passeios fixos mensais, por conta do sol que é muito quente. Traçamos uma rota e começamos pelos mais próximos de casa. Tem uma rua que temos quatro clientes, então passeiam todos juntos. Saímos cedo e 11h voltamos para casa. Por volta de 16h30 retomamos os passeios e voltamos só a noite”, pontua a passeadora de cães.

Quando chove não tem passeio e aquele dia é reposto em outra ocasião. Mas há quem se engana que a tarefa de cuidar dos animais de estimação de outras pessoas se limita a apenas passear. “Quando os donos viajam nós mandamos fotos, vídeos e um relatório diário de tudo o que o animal fez, comeu, passeou e brincou”, conta a empreendedora.

Datas comemorativas e feriados prolongados, ocasião em que muitas pessoas viajam, são as datas mais requisitadas pelo casal. “Nosso feriado é sempre de trabalho. Voltamos só a noite para nossa casa”, observa Luzia.

Para contratar o serviço, o casal de passeadores combina com o dono do animal quantas vezes irá passear com o cachorro, se tem medicação e até se tem plantas na casa. “Tem cachorro que não faz as necessidades dentro de casa, então temos que ir de duas a três vezes levá-lo para passear. E se tiver planta na casa, a gente coloca água. Mesma coisa se tiver outro bichinho de estimação, no caso de peixe, por exemplo, a gente também alimenta”.

Quando o “filho” do cliente é felino, o casal não passeia, mas troca a caixa de areia e passa um tempo brincando com os animais, além de dar água e comida. “Teve um cliente que foi trabalhar nas Olimpíadas e ficamos 30 dias dias cuidando dos gatinhos dele”,

Passeadores não saem com os gatos mas passam tempo "brincando" com eles

​O valor do pacote gira em torno de R$ 300 e varia conforme a quantidade de vezes no dia e na semana que os animais serão atendidos. No caso dos pet sitter o valor é de cerca de R$ 40 por dia.

PRATICIDADE

Andréia de Oliveira, de 31 anos, é casada e tem dois cães. Para ela, o serviço de pet sitter é mais viável do que deixar os “filhos caninos” em hotelzinho. “Contrato o serviço quando preciso viajar. Ela vem na minha casa, limpa, coloca comida e água e leva para passear, já que só fazem as necessidades fora de casa”, conta Andréia ao ressaltar que chegou a ficar 18 dias longe de casa.

“Ultimamente não tenho me ausentado tanto, de quatro a sete dias no máximo”, destaca. Para ela, financeiramente acaba saindo o mesmo valor. “Mas eu sei que em casa eles estarão mais confortáveis e tenho a certeza de que irão passear, ao contrário do hotel, que ficam presos e correm risco de ficar doente, como já aconteceu”.

PAIXÃO PELOS ANIMAIS

A advogada Ana Clara Rosa Balbe, de 34 anos, largou a advocacia e investiu no ramo de dog walker. “Troquei o trabalho de assessora pela minha paixão. Meu contrato encerra e a partir de janeiro vou fazer só isso”, conta Ana Clara. 

Diferente do casal de passeadores, a advogada também trabalha com adestramento de cães de pequeno porte. “Comecei cuidando dos animais de amigos e parentes”, conta a advogada que chegou a fazer o curso em São Paulo.

“Fazemos uma visita antes do cliente viajar. Vemos a quantidade de alimentação, medicação, quais dias eu vou, se tem plantas e data da viajem. A visita ao animal dura em torno de 45 minutos a 1h. Nesse período eu limpo o local, coloco água, alimentação e brinco com eles, além de enviar vídeos e fotos”, salienta.

O adestramento aos animais de pequeno porte é feito junto com o passeio.“É o chamado passeio orientado. Todos os dias no mesmo horário nós pegamos o animal para o adestramento”, conta a empresária que há três anos atua no ramo.  

Mais detalhes sobre os serviços das duas empresas podem ser conferidos neste link e neste também