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Economia Exportadores reivindicam mais benefícios em pacote Exportadores reivindicam mais benefícios em pacote 27 MAR 2010 • POR • 04h35

O setor exportador está se mobilizando para tentar uma última cartada e conseguir a devolução dos créditos tributários que estão nas mãos da Receita. Os empresários querem reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para tentar sensibilizá-lo de a importância da medida ser incluída no pacote que está sendo preparado pelo governo para dar competitividade às exportações. O ministério da Fazenda decidiu não incluir a medida no pacote sob o argumento de que é preciso reforçar a arrecadação e garantir a meta de superávit primário deste ano, de 3,3% do Produto Interno Bruto (PIB). Os empresários pediram ao ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, que agende encontro do presidente com os 20 representantes do setor privado que integram o Conselho Consultivo da Camex – o Conex. “Vamos conversar com o presidente. Não foi a Receita que foi eleita”, afirmou Roberto Giannetti da Fonseca, empresário e diretor de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Segundo ele, a grande expectativa do setor em relação ao pacote era a de resolver o acúmulo de crédito de PIS e Cofins. As grandes exportadoras não conseguem compensar ou receber de volta estes créditos adquiridos na compra de insumos para produção de bens a serem exportados. “É uma apropriação indébita usar os recursos do setor privado para fazer superávit primário”, atacou Fonseca. “O pacote está muito mixo. Tenho esperança que o presidente Lula interfira”, disse o presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), Pedro de Camargo Neto. O empresário esperava que o pacote resolvesse não só o problema do crédito acumulado, mas também trouxesse uma solução que evitasse o represamento destes recursos no futuro. “A competitividade das nossas exportações está aí. A decisão do ministério da Fazenda é imediatista e fiscalista”, criticou. “Sem uma solução definitiva para os créditos não tem pacote. As outras medidas não me interessam”, enfatizou. O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Luiz Aubert Neto, afirmou que a retenção dos recursos pela Receita encarece as exportações brasileiras. Neto disse que as vendas externas de bens de capital tiveram o pior desempenho dos últimos 10 anos no primeiro bimestre de 2010 – cerca de 30% do faturamento do segmento são gerados pelas vendas externas. “Houve uma piora da competitividade por causa da valorização do real frente ao dólar”, afirmou. O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro Neto, afirmou que o alcance do pacote será muito limitado sem a devolução dos créditos das empresas. Ele acredita que, embora haja limitações fiscais, há espaço para uma solução. “As desonerações concedidas durante a crise estão praticamente eliminadas. Eu penso que há espaço para um sistema gradualista de devolução que contemple o exportador”, afirmou. O presidente da Abimaq alerta que um possível aumento dos juros, como sinalizou o Comitê de Política Monetária (Copom), deve piorar ainda mais o câmbio. Além disso, ele prevê que o reajuste nos preços do minério de ferro deve encarecer o custo da produção de bens de capital, afetando mais a competitividade. “As outras medidas (que o governo está propondo) são remendos, não vão resolver”, afirmou.