Ritmo e poesia fazem parte do cotidiano de um grupo de amigos que mora na região da saída para Cuiabá, mais precisamente na área compreendida pelos bairros Anache, Vida Nova e Nova Lima. Desde 2015, eles resolveram adotar o nome de La Firma, com a proposta de expressar a realidade local por meio de letras realistas e batidas eletrônicas. Ou seja, o rap faz parte do dia a dia dessa turma.
Pode-se dizer que o grupo faz parte da terceira geração do rap campo-grandense. “Peguei muito do rap com o meu tio. Lembro da época do Master Break e de outros que iniciaram o movimento por aqui”, explica um dos integrantes, Rodrigo Camargo, referindo-se à cena do hip-hop local, surgida na década de 1990. A formação do La Firma ainda conta com a presença de Abraão Barreto, Luan Fioravante, Lucas Ferreira e Juninho Ornelas.
O que inicialmente estava restrito à região, agora começa a ser conhecido não somente por outros pontos da Capital, mas também em outros estados e até no exterior.
“Cada um de nós já fazia algo, mas separadamente. Há cerca de dois anos, resolvemos fazer juntos. Inicialmente, o que surgiu foi um descarrego de rimas, mais adiante é que fomos construindo nossa identidade; mas, desde o começo, batemos na tecla das questões sociais e daquilo a que assistimos a nossa volta”, enfatiza Rodrigo.
MENSAGENS
O avanço do grupo pôde ser percebido desde o início do ano, quando começou a ser exibido, na internet, o clipe de “Nova Lima Mil Pecados”. Com jeito de curta-metragem, a produção apresenta imagens dramatizadas de situações do bairro título. Até o momento, mais de 12 mil exibições foram efetuadas na plataforma YouTube. “A gente estava esperando uma boa repercussão na cidade, mas não previa que fora daqui as pessoas se identificariam com nossa mensagem. Já recebemos comentários de pessoas da França, dos Estados Unidos, do Chile, Peru e de todos os estados do Brasil”, informa Rodrigo.
Segundo ele, a intenção do grupo é tentar ajudar a mudar uma realidade comum na região, a violência que atinge os jovens. “Nossa música é um grito, tentando mostrar que essa situação precisa ser modificada. Já vimos muitos amigos morrerem. Por isso chamamos atenção para essa questão, por meio da nossa música e das nossas ações: a violência não pode ter continuidade”, destaca.
Além de divulgar seus raps na internet, o grupo também promove apresentações na região, organiza eventos beneficentes e abre espaço para dança e outras artes. Agora, o objetivo é ampliar a área de atuação e também levar as performances para outros pontos de Campo Grande, do Estado e do Brasil. Talento não falta para atingir o objetivo.