A crise política afetou a rentabilidade de todos os tipos de fundos de ações, alguns multimercados e até mesmo a renda fixa, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (8) pela Anbima (Associação das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais).
As denúncias contra o presidente Michel Temer fizeram a Bolsa desabar 9% e o dólar avançar 8% no dia seguinte à divulgação das delações da JBS. Ao longo das semanas, as perdas foram amenizadas, mas o mercado continua volátil, na expectativa pelo desfecho do julgamento no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) da chapa Dilma-Temer.
Com isso, os fundos que aplicam em ações foram os mais atingidos no mês passado. Todas as carteiras dessa classe de ativos tiveram rendimento negativo. Ainda assim, as perdas (em torno de 3%) ficaram abaixo do recuo de 4,12% do Ibovespa -índice que reúne as ações mais negociadas na Bolsa.
Entre os multimercados (fundos que podem aplicar em renda fixa e variável), cuja expectativa era de recuperação no ano, os efeitos também foram significativos. Uma das principais carteiras dessa classe de ativos, o tipo Macro, teve desvalorização de 1,26% no mês passado.
Na renda fixa, apesar de alguns fundos terem encerrado maio com ganhos, os de longo prazo não tiveram trégua e também caíram -o tipo Renda Fixa Duração Alta Soberano, por exemplo, viu a rentabilidade recuar 0,48%.
CAPTAÇÃO
Mesmo com a crise política, os fundos de investimento tiveram captação líquida (diferença entre depósitos e saques) positiva em maio, totalizando R$ 12,3 bilhões. No mês anterior, o resultado havia sido negativo, com resgate líquido de R$ 17,9 bilhões.
As maiores contribuições vieram das classes multimercados, previdência e renda fixa, que registraram ingressos líquidos de R$ 6,4 bilhões, R$ 3,4 bilhões e R$ 2,4 bilhões, respectivamente.
No acumulado dos cinco primeiros meses do ano, a captação líquida somou R$ 106 bilhões, quantia que representa mais que o dobro do montante registrado no mesmo período de 2016, quando o ingresso líquido de recursos ficou em R$ 46,3 bilhões.