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corrupção Investigação confirma que celulares entram em presídio por meio de agente Em presídio da Capital, dois servidores foram presos hoje em operação 12 JUN 2017 • POR RODOLFO CÉSAR • 18h49

Investigação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) confirmou que celulares usados por presos no Instituto Penal de Campo Grande (IPCG) eram levados por pelo menos um agente penitenciário.

Na casa do servidor estadual Cleiton Paulino de Souza foram encontrados hoje 23 aparelhos, alguns deles estavam prontos e embalados para serem entregues a presidiários. O agente foi preso por conta de cumprimento de mandado de prisão temporária no âmbito da Operação Chip. Ele trabalha no IPCG.

O diretor do local, Fúlvio Ramires da Silva, também foi preso por porte ilegal de arma de fogo e precisa pagar fiança de R$ 900 para ser libertado.

A operação apura crimes de corrupção, peculato, tráfico de drogas e associação para o tráfico. O cumprimento dos três mandados de prisão e cinco de busca e apreensão começou na manhã de hoje e só terminou no final da tarde.

Além da casa do agente penitenciário, onde estavam celulares, balança de precisão e R$ 8.627 - tudo foi apreendido -, policiais ligados ao Gaeco fizeram devassa na área administrativa do Instituto Penal de Campo Grande, nas cantinas, no setor de trabalho dos presos e nas celas.

Celulares, carregador e outros objetos apreendidos na casa de agente penitenciário hoje. Foto: Divulgação/MPE

Nesses locais os policiais encontraram 24 aparelhos celulares, 24 carregadores, 19 fones de ouvido, sete chips de celular, 562 gramas de maconha e 626 gramas de cocaína.

Os dois servidores públicos estaduais já estão presos e há também presidiários que estão no rol de investigados de participar do esquema para facilitação de entrada de objetos proibidos no presídio.

"O nome da operação - CHIP - é em referência ao agente penitenciário preso e suspeito de levar celulares e chips para dentro do IPCG – Instituto Penal de Campo Grande - e contou com o apoio do Batalhão de Choque da Polícia Militar", informou nota do Ministério Público Estadual (MPE).

COMÉRCIO ILEGAL

Durante as averiguações no presídio, os integrantes do Gaeco também confirmaram que havia venda de alimentos dentro do IPCG, o que é considerado proibido em estabelecimentos penais. Inclusive há termo de ajustamento de conduta (TAC)  firmado entre o MPE e a Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen) para coibir essa prática.

Todos os alimentos recolhidos serão doados ao Asilo São João Bosco, informou o MPE. Não foi divulgado o peso total apreendido.

POSIÇÃO OFICIAL

A Agepen emitiu nota no começo da noite de hoje que apoia "qualquer ação que traga transparência e coíba atos irregulares ou de natureza criminosa por parte dos seus servidores".

A agência ainda assegurou que defende a punição de quem for considerado culpado e vai valorizar quem trabalha corretamente.

"O servidor detido durante a operação já estava sendo investigado pela Corregedoria da Agepen, além de estar respondendo também a uma sindicância. Devido à prisão temporária, por questões de segurança, ele foi alojado em uma cela do Centro de Triagem, destinada a ex-policiais", informou nota.

A autarquia do Governo do Estado não deu posicionamento sobre o que vai acontecer com o diretor do IPCG, Fúlvio Ramires da Silva, que foi preso por porte ilegal de arma.

Sobre os alimentos comercializados, a Agepen ponderou que há TAC que permite esse tipo de venda e o que o Gaeco encontrou de "divergências quanto ao tipo das embalagens permitidas". Por conta disso, haverá apuração para identificar o motivo dessa falha.

A reportagem tentou conferir quais termos de ajustamento de conduta a Agepen e o MPE referiram-se e se seriam documentos diferentes, mas não foi possível obter retorno até publicação desta matéria.