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OPINIÃO Mario Amaral Rodrigues: "O quê ... e quem é o sistema escolar" Docente aposentado da UFMS 27 JUN 2017 • POR • 01h00

O investimento no sistema educacional não é o correspondente à importância dele, pois lhe cabe ter o maior, entre todos. Há quem diga que este nível cabe à saúde. Não. Doenças em uma comunidade existem na razão inversa da eficácia de seu sistema educacional. Prova disto se tem ao examinarmos o mapa político do mundo. Veremos Finlândia, Noruega, Suécia, Japão, Canadá como exemplos. 

Em nosso Brasil, tomemos o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de Santa Catarina, São Paulo e os comparemos com os de Alagoas e Sergipe. Um exame desatento poderia resultar na afirmação: então é devido à “renda per capta”. Não. A renda per capta na Alemanha e Estados Unidos da América são maiores que as dos países monárquicos (coincidência?) acima citados e têm IDH inferiores (confirmar com a UNESCO). 

Observe-se, no entanto, que mesmo naqueles estados do sul do Brasil, melhores que os dos nordestinos (IDH) a realidade escolar não é satisfatória (ver IBGE). Se a compararmos com a da Finlândia (se é para comparar que se faça com o melhor), só resta “sentar e chorar”. 

Ao olharmos para o “mar de lama” em nossas instituições do poder, veremos que duas delas (Executivo e legislativo) são integradas por eleitos, e estão à beira da desmoralização. Uma (Judiciário) é integrada por percentual de indicados por eleitos e está à beira do descrédito. Então o eleito é o mal. Não. É o(a) eleitor(a). O votante dos países de sistema escolar já exemplificados, vota  melhor e vota melhor  porque está melhor formado, por um sistema escolar digno deste nome. O nosso vota sem fundamentação sequer no básico da ciência política (Constituinte; Lei máxima; leis secundárias; regime político; forma de governo; mandato; voto majoritário; voto proporcional; quociente eleitoral; voto distrital misto e voto distrital) e, pior, centrado no personalismo, chegando a não se lembrar em quem votou para o legislativo, exatamente o componente da representação coletiva. Nosso votante está assim porque o nosso sistema escolar está como está. 

Os professores são a primeira autoridade com que a criança se depara. Até chegar ali, ela conhecia a autoridade natural, no lar, a instituição dos direitos. Agora ingressa na instituição dos deveres, onde é estudante, uma ocupação. A anterior “deve” ter alicerçado, entre outros valores, boa conduta e hábitos de higiene. A escola os reforça e disciplina. Aqui é “riscou limpou” (Ângela Costa – É proibido punir na escola? Correio do estado – 14-06-2017). O nosso sistema escolar está “avacalhando” com o princípio de autoridade, levando o(a) professor(a) a se “render“ e, pior, desistir.

Antes da reforma disso e daquilo, reforme-se o sistema escolar, iniciando por valorizar o(a) agente do ensino, o princípio de autoridade personificado. O período integral se impõe para barrar o desperdício de tempo e os riscos no trânsito. A “mantenedora” é a responsável em assistência social, não só na “merenda escolar”, mas também com plano e posto de saúde, na unidade. 

Estabeleça-se, na Educação Infantil e no Ensino fundamental, máximo de alunos por turma (dez, até a quarta série; vinte, da sexta a nona) e faixa etária por série, com sistema de recuperação paralelo, para “encaixar” na série correspondente os que não estão. Estas medidas são apoio didático. E mais, em caso de desrespeito ao “teto salarial do magistério” que o presidente da mantenedora (chefe do executivo, no caso da escola pública), perca o “mandato” (inserir na Lei de Responsabilidade). Tudo para apoiar a melhor ação didática. O sistema escolar (da Educação Infantil e do Ensino Fundamental) é o formador do cidadão. O(A) professor(a)... é o próprio.