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opinião Venildo Trevizan: "O ser pessoal" Venildo Trevizan: "O ser pessoal" 1 JUL 2017 • POR • 01h00

Para conhecer alguém, será preciso escutar o que ele diz, examinar o que ele faz e estudar as atitudes que ele assume. Não será tarefa fácil, principalmente quando diz respeito a alguém que ocupa um lugar de destaque e exerce atividades que influenciam o andamento de alguma organização ou sociedade.

Na realidade, o ser humano anda carente de conceitos e de conhecimentos que sejam fundamentados na verdade. Existe muita camuflagem na manifestação das qualidades pessoais. Mostra ser alguém e, na verdade, não demonstra clareza em suas ações. Fala uma coisa e é bem outra. Torna-se difícil saber onde e com quem estaria a verdade.

Infelizmente nossa sociedade é assim. Cada qual cria seu mundo com suas ideias e com suas convicções.

Dificilmente aceita correção ou ajuda. Constrói o ser pessoal de acordo com seus interesses e seus planos de vida. Será muito difícil conseguir acesso ao que pensa e ao que quer. Andamos em meio a muitas incógnitas.

Esses são alguns mistérios que a vida pessoal conserva e cultiva secretamente. Difícil haver transparência e sinceridade.

Paira sobre a humanidade uma nuvem que esconde muitas verdades. Só alguém de espírito muito forte poderá desvendar e trabalhar para que haja mais lucidez nas mentes e tudo possa ser partilhado fraternalmente.

A história tem suas ricas lições que podem auxiliar a desvendar certos mistérios que enriquecerão o relacionamento e a convivência. Mesmo havendo divergência no pensar será preciso haver comunhão na ação e partilha solidária de compromissos.

Um fato concreto aconteceu nos primórdios do cristianismo. Pedro e Paulo, considerados e admirados como as duas colunas fundamentais da Igreja, eram de personalidades distintas. Cada um com seu modo pessoal de ver a realidade, mas unidos na mesma fé e no mesmo testemunho.

Mostram que divergir nas ideias é saudável e construtivo. Mostram que comungar o testemunho da fidelidade ao Mestre é sagrado e santificador. Pedro, entusiasmado pelo convite de conduzir o rebanho do Senhor, revelou a grandeza de alma e a sensibilidade de espírito. 

Mesmo tendo caído na fraqueza de negar ser seguidor do Mestre na hora amarga da prisão, jurou, após os acontecimentos, sua fidelidade com audácia e maturidade.

Paulo também teve sua história marcada por dois momentos. Um momento em que, cumprindo ordens do Imperador, perseguiu e aprisionou muitos cristãos.

Outro momento decisivo foi a mudança de vida reconhecendo o erro e abraçando a verdade. Passou de perseguidor a defensor. O orgulho de um cargo político deu lugar à humildade em servir e ensinar seus irmãos e irmãs na fé.

Reconhecer que é possível ser diferente do que era. Reconhecer que é possível ser honesto, justo e verdadeiro. Tudo será fruto de um coração que se abre à humildade. Tudo será consequência de quem adere ao plano de Deus e assume realizar o ser pessoal de acordo com o ser de Deus.

Aparentemente nada muda, mas na realidade a transformação é profunda e educativa. E o novo jeito de ser produzirá alegria ao coração e paz ao espírito.

*Venildo Trevizan, frei.