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CORREIO DO ESTADO Confira o editorial desta terça-feira: "Contando os estragos" Confira o editorial desta terça-feira: "Contando os estragos" 4 JUL 2017 • POR • 03h00

Atrelada aos imbróglios políticos, a economia não avança e dá sinais claros de estar combalida, sem recuperação a curto prazo.

A retomada do crescimento financeiro no Brasil é uma expectativa ainda longe de tornar-se realidade. Atrelada aos imbróglios políticos, a economia não avança e dá sinais claros de estar combalida, sem recuperação a curto prazo. Os índices patinam e assustam, como o crescente número de pessoas com o nome sujo na praça, novo recorde desde que a Serasa iniciou a série, em 2012. Há aspectos  que demonstram o quanto o brasileiro não consegue planejar os gastos e entra em círculo vicioso cada vez mais difícil de sair.

Pelos dados divulgados na edição de hoje do Correio do Estado, a dívida média de cada devedor é de R$ 4 mil. São contas com cartões de crédito, cheque, além de outras que entram no custeio, como água, luz e telefone. A manutenção de dívidas que fazem parte do orçamento mensal é demonstração da falta de equilíbrio financeiro das famílias, reflexo do alto índice de desemprego, de mais de 13 milhões de pessoas, conforme última contagem do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O comércio varejista é um dos primeiros a ser afetado, com queda na receita, compromentendo a capacidade de arcar com os custos operacionais diários ou repor estoque, afetando a venda dos seus fornecedores. A estratégia é corte de gastos e a bola de neve do desemprego só tende a crescer.

Os bancos são atingidos pela inadimplência e expostos aos riscos da concessão de empréstimos para cliente sem condições de honrar o compromisso. A tendência é dificultar este acesso para evitar o mau pagador, elevando juros. Com aumento deste índice, novas contratações são barradas e os antigos empréstimos cada vez mais distantes de ser negociados.

Outro índice divulgado ontem é a projeção do crescimento econômico feita pelos profissionais do mercado financeiro: a perspectiva de avanço do Produto Interno Bruto (PIB), que era de 0,50% foi reformulada para 0,39%, embora o Banco Central insista em manter a projeção anterior. É tentativa do governo de manter cenário de estabilidade, com tendência ao crescimento, mas que não se refletem nos dados atualizados. A estimativa não é pior por conta dos resultados da agropecuária, ainda fator de sustentação, com expansão de 9,6% ao ano.

 Os números são diretamente afetados pela instabilidade política. A manutenção de Michel Temer na Presidência da República tem capítulos cada vez mais preocupantes e que deixam investidores com pé atrás. A desvalorização da Petrobras ou a Vale nas bolsas são demonstrativo desse temor. Ainda se deve levar em conta o apreensivo desfecho das delações da JBS e como isso afeta o mercado. Para Mato Grosso do Sul, um fator a mais de alarme, em decorrência da grande participação da empresa nas negociações no Estado.

Vivemos em compasso de espera. Governistas travam guerra com os oposicionistas, tentando equilibrar as finanças e amanutenção de Temer na Presidência. Nada é certo enquanto os caminhos políticos não forem definidos. E, no meio disso, a população assiste a tudo, cada vez mais descrente.