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Começa segunda Maternidade na Capital fechará 27 leitos por falta de repasses públicos Cândido Mariano vai cortar metade das UTIs para cuidar de recém-nascidos 13 JUL 2017 • POR NATALIA YAHN • 15h25

A Maternidade Cândido Mariano, em Campo Grande, vai fechar 10 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal e outros 17 de enfermaria, a partir de segunda-feira (17).

O diretor clínico do hospital, Daniel Gonçalves de Miranda, informou que a medida foi necessária por conta do atraso no repasse de aproximadamente R$ 800 mil pelo Governo do Estado. A Secretaria de Estado de Saúde (SES) foi procurada, mas ainda não deu explicações sobre o caso. 

“Estávamos com o repasse do ano todo em atraso. No dia 24 de maio relatamos a situação da maternidade e avisamos sobre o fechamento dos leitos. Mas aí o Estado pagou o valor referente aos meses de janeiro, fevereiro e março. Porém, mesmo assim, atualmente continuamos com quatro meses de repasses não realizados”, explicou Miranda.

A maternidade informou que do valor da contratualização com o Município, Estado e União, de R$ 1,2 milhão por mês, apenas R$ 25 mil é de responsabilidade da SES e outros R$ 200 foi acordado para repasse em junho de 2015. “(São recursos) Para manter o funcionamento de dez leitos de UTI, que agora estão sendo fechados”, disse o diretor. “Simplesmente não tem mais com a maternidade se manter”, concluiu.

Em Campo Grande, são apenas 44 leitos de UTI Neonatal, 20 deles na maternidade - onde 50% serão fechados -, outros no Hospital Universitário (8), Santa Casa (8) e Hospital Regional (10).

Em todo o Estado, além da Capital, também há leitos de UTI para bebês em Dourados, lá são dez vagas no HU da Universidade Federal (UFGD).

ATRASOS NA SAÚDE

Em seis meses, a Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) deixou de receber mais de R$ 19,6 milhões em repasses para quatro áreas responsáveis por diferentes serviços oferecidos.

Entre os dias 9 de junho e 7 de julho deste ano, os valores em atraso cresceram R$ 5,6 milhões. Reportagem publicada pelo Correio do Estado na edição do dia 10 de junho apontava que a dívida do Estado com o município chegava a R$ 15 milhões. 

Agora, relatório financeiro da Sesau – assinado pelo diretor Elias Reis de Souza –, ao qual o Correio do Estado teve acesso com exclusividade, confirma atraso em repasses que soma R$ 19.678.693,50, entre o terceiro quadrimestre de 2016 e o mês de junho.

Ao todo, quatro blocos de serviços foram prejudicados: Assistência Farmacêutica (R$ 950.368,44), Vigilância em Saúde (R$ 34.144,88), Atenção Básica (R$ 2.349.078,80) e Média e Alta Complexidade (R$ 16.345.161,38).

A área mais comprometida, até agora, é justamente a da Média e Alta Complexidade, com falta de repasse relativo ao termo de cooperação com a Santa Casa, no valor de R$ 1,820 milhão.

O maior hospital do Estado, de acordo com o relatório apresentado pela Sesau, não recebeu também o valor relativo ao convênio para atendimento da população, de R$ 750 mil. 

Esses atrasos estariam também atingindo outros municípios. “O Estado não está repassando nada aos municípios. Só para a Capital, está devendo R$ 15 milhões”, revelou o secretário municipal de saúde de Campo Grande, Marcelo Vilela, em entrevista publicada no dia 10 de junho.