Ativistas do Movimento Parque Augusta divulgaram nota em repúdio às declarações de Antonio Setin, dono da construtora Setin, em entrevista publicada sexta-feira (11) na Folha de S.Paulo. O movimento criticou as declarações do empresário, que chamou os ativistas de "meia dúzia de meninos sustentados pelo papai".
"Não somos poucos, muito menos meia dúzia, e cada um entende que os objetivos em comum devem ser muito bem articulados para afastar do parque Augusta a máquina oportunista dos especuladores mobiliários", afirmam.
Segundo o movimento, a obstinação dos ativistas foi fundamental para impedir o avanço do mercado imobiliário sobre a última área verde da região central de São Paulo.
Eles defendem que a construtora aceite o acordo proposto pelo prefeito João Doria (PSDB) de ceder o terreno do parque em troca de uma área pública na zona oeste, em frente à marginal Pinheiros.
Os ativistas questionam também as declarações de Setin quanto à diferença entre os valores pagos e os declarados em registro do cartório imobiliário, acusando a construtora de "maquiagem financeira beirando a sonegação fiscal".
Na entrevista, Setin afirmou que, por se tratar de uma aquisição em permuta, a escritura "não reflete o valor total de imediato, porque a contabilidade vai ser finalizada com a entrega das unidades prontas ao permutante". O valor de referência utilizado pela prefeitura está em cerca de R$ 120 milhões.
O grupo convocou uma intervenção para o próximo sábado (19), nas esquinas da Rua Augusta e Marquês de Paranaguá, com o nome "Meia dúzia contra privatização".
O acordo entre as construtoras Setin e Cyrela, donas do terreno, e a prefeitura para viabilizar a implantação do parque Augusta prevê uma troca de terrenos disputados pelo setor imobiliário e contrapartidas que somam R$ 30 milhões das empresas para a construção de equipamentos públicos.
Pelo acerto em vias de conclusão, as construtoras devem trocar a área de 24 mil m² do parque Augusta, avaliada em cerca de R$ 120 milhões, por outra onde funciona a prefeitura regional de Pinheiros, de frente para a marginal Pinheiros.
O acerto encontra-se na reta final, mas os cálculos finais ainda passarão por técnicos do Ministério Público. O projeto também precisará de aval da Câmara Municipal.