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vôlei Carente de patrocínio e até de quadra, AVP/Rádio Clube suspende atividades Carente de patrocínio e até de quadra, AVP/Rádio Clube suspende atividades 22 AGO 2017 • POR JONES MÁRIO • 08h30

Principal equipe de alto rendimento do voleibol estadual nos últimos dois anos, a Associação de Vôlei do Pedregal (AVP)/Rádio Clube suspendeu suas atividades após o vice-campeonato masculino da Copa Pantanal, no último sábado.

A direção da equipe chegou à decisão após tentativas frustradas de conseguir patrocinadores e enfrentar problemas na busca por espaços adequados para treinar.

A AVP/Rádio Clube durou 18 meses, com dois títulos da Copa Pantanal no currículo. Em âmbito nacional, foi vice da Taça Prata, participou da Superliga B e da Taça Ouro de vôlei masculino. 

O projeto da equipe este ano era voltar a disputar a Taça Prata e garantir vaga à Superliga B, divisão de acesso da principal competição interclubes da modalidade no País. Porém, os obstáculos financeiros e estruturais frearam o sonho de atletas, comissão técnica e adeptos do vôlei estadual, como conta o diretor esportivo do grupo, Genivaldo Alves, o Geninho.

“Os gastos mensais eram de R$ 22 mil, com a comissão técnica, alimentação, transporte, aluguel do alojamento, contas de água, luz, telefone, salário da cozinheira. A gente tocou um ano, investindo nós mesmos. E o projeto era conseguir um patrocínio via lei do incentivo [ao esporte] depois desse um ano”, explica.

O projeto citado previa investimento de R$ 670 mil anuais para pagamento dos atletas e funcionamento das comissões técnica e médica.

O recurso, conforme regulamenta a Lei de Incentivo ao Esporte, sairia de um porcentual a ser descontado do valor devido pela empresa parceira ao Imposto de Renda. Em troca, esta empresa teria sua marca divulgada pelo clube, como funciona com a maioria das equipes da Superliga.

“Pedimos que o governo indicasse uma empresa para nos apoiar, mas isso não aconteceu. Nem local para treinar a gente tem. A gente só pediu a estrutura, uma quadra fixa, mas nem isso tivemos. É até vergonhoso uma Capital não ter uma estrutura mínima”, lamenta Geninho. De acordo com ele, os diretores investiram cerca de R$ 300 mil na manutenção da equipe durante um ano e meio.

O clube chegou a tratar com a Fundação Municipal de Esportes (Funesp) para a cedência do Centro Municipal de Treinamento Esportivo “Osmar Alves Côco” (Cemte), porém, segundo Geninho, o horário disponível não contemplava o time.

“Era no mesmo horário da nossa academia, que é cedida pelo Rádio Clube. Teríamos que pagar uma academia se fôssemos treinar lá”.

O diretor esportivo alega que a AVP/Rádio Clube só retoma suas atividades caso encontre uma empresa disposta a apoiar o time via Lei de Incentivo.

“A gente precisa passar essa segurança e credibilidade aos atletas. Foi muito difícil ver os jogadores chorando”.

OUTRO LADO

Ouvido pela reportagem, o diretor-presidente da Fundação de Desporto e Lazer de Mato Grosso do Sul (Fundesporte), Marcelo Miranda, diz que não conversou com a AVP/Rádio Clube sobre busca por patrocínio.

“O que compete a nós, nós atendemos, como transporte para as competições. Sobre essa relação de empresas para captar recurso, não foi tratado com a Fundesporte em nenhum momento”, defende.

O diretor-presidente da Funesp, Rodrigo Terra, negou problemas com a disponibilidade de horários do Cemte. “Não é verdade. Os horários estavam à disposição deles. Uma das prioridades seria o espaço para eles. A opção da equipe em fechar não tem nada a ver com quadra. Foi algo interno. É uma pena, chato para a cidade”, responde.