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Para Delcídio, leilão do PTB parece cenas de sexo explícito Para Delcídio, leilão do PTB parece cenas de sexo explícito 1 ABR 2010 • POR Adilson Trindade e Lidiane Kober • 20h46

O senador Delcídio do Amaral (PT) criticou as negociações dos partidos para fazer coligação em troca de dinheiro. "As conversas de aliança partidária em Mato Grosso do Sul viraram cenas de sexo explícito", lamentou o senador ao comentar as exigências da cúpula do PTB para fazer aliança com o PMDB. "É uma desfaçatez", disse.

Na terça-feira (30) à noite, o presidente regional do PTB, Ivan Louzada, exigiu do governador André Puccinelli (PMDB) recursos financeiros para patrocinar os candidatos a deputado federal e estadual em troca de participar na aliança. O governador procurou a todo o custo evitar falar explicitamente em distribuição de dinheiro, porque a reunião foi aberta para a imprensa, mas assegurou aos dirigentes petebistas que não faltará estrutura para a campanha eleitoral. Mas integrantes da cúpula do partido insistiram em ouvir de Puccinelli o compromisso de repassar dinheiro. O governador não se conteve e respondeu que será em três parcelas: "Milão, milão e milão". Um dos dirigentes não entendeu a declaração do governador e questionou: "Esse milão é milão mesmo?" André tentou desviar o foco da questão, mas não conseguiu. Ele procurou deixar claro aos petebistas que tudo tem limite: "se pedirem R$ 250 mil cada um, não dá".

Esta forma de negociação do PTB assustou o senador Delcídio do Amaral. "Os caras contam o dinheiro que vão dar para cada candidato a deputado. É uma maluquice", observou o senador. "Isto é caixa dois", ressaltou. "Aliás, o caixa dois agora é oficial, se levar em conta a estratégia de negociação do PTB para fechar aliança", disse.

Outro petista, deputado estadual Paulo Duarte, também considerou "sexo explícito" as conversas de aliança dos dirigentes do PTB com o governador André Puccinelli. "Virou uma esculhambação essa negociação de quem dá mais, leva", comentou. "Então, quer dizer que não interessa as propostas do partido para melhorar a vida da população?", questionou Duarte. E arrematou: "Parece que o apoio se tornou uma disputa financeira".

O deputado estadual Amarildo Cruz (PT) também criticou a estratégia do PTB de leiloar o seu apoio nas eleições. "Lamentável! Um partido precisa ter como premissa os projetos, não a questão financeira", observou.

Mas o próprio PT apresentou proposta documentada ao PTB para formalização de aliança na sucessão estadual. Os petistas ofereceram R$ 1,5 milhão, em três parcelas, duas secretarias e a vaga de vice-governador. É o que revelou um dirigente do partido. Só que o presidente regional do PTB, Ivan Louzada, não se interessou pela proposta. Ele quer mais dinheiro para gastar com os seus candidatos a deputado federal e estadual.

Na Assembleia Legislativa, os deputados da base aliada esquivaram-se de falar das negociações de André com o PTB e do leilão do apoio do partido nas eleições. "Não sei de nada disso", disse o líder do Governo na Assembleia Legislativa, Youssif Domingos (PMDB). Ele nem quis comentar as notícias da reunião do governador com o comando do PTB. "O André não me falou nada disso (de tentar comprar o PTB). Portanto, não sei de nada", ressaltou.

Outro parlamentar que se esquivou de falar do leilão do PTB na reunião com o governador foi Márcio Fernandes (PT do B). "Não estou sabendo", resumiu.